O governo do Chile classificou como "inadequada" as críticas que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, fez à colega chilena, Michelle Bachelet, nesta terça-feira, durante discurso em Doha. Chávez disse que Bachelet, que ocupa atualmente a presidência da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), ameaça a unidade sul-americana.

Chávez disse que o fato de Bachelet ter convidado representantes dos Estados Unidos e do Reino Unido para uma cúpula realizada no sábado (28), em Viña del Mar (Chile), "coloca em perigo a unidade sul-americana". "Não é nada bom para a unidade da América do Sul quando a presidente do Chile convoca uma reunião com o vice-presidente dos EUA [Joe Biden] e com o primeiro-ministro britânico [Gordon Brown]. São dois representantes dos impérios!"

Bachelet, Biden e Brown se reuniram na Cúpula de Líderes do Progressismo. O evento ainda contou com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, Cristina Kirchner, da Argentina; e o premiê espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero.

Em reação, a porta-voz do Executivo chileno, Carolina Tohá, disse, no Palácio de la Moneda, na capital Santiago, que a crítica foi "inadequada" e que Bachelet "representa justamente o contrário, sendo uma presidente que é capaz de estender pontes, de dialogar, de construir espaços para obter acordos."

Tohá afastou a hipótese de o governo chileno enviar uma carta ao Executivo venezuelano para expressar o mal-estar com a declaração de Chávez. Para a porta-voz, a imagem de Bachelet "é muito sólida, e não sentimos que esteja ameaçada por isto".

Chávez fez as críticas desta terça-feira ao chegar a Doha, onde é realizada a segunda cúpula entre os 22 países da Liga Árabe e os 12 da América do Sul. Bachelet também está em Doha. Depois de Doha, Chávez viaja a Irã, Japão e China.