O ex-governador do Estado de Nova York, declarou na segunda-feira em entrevista ao programa Today, da rede de TV NBC, que quando recorria a serviços de prostitutas lhe ocorreu a idéia de que era inevitável que viesse a ser apanhado, mas acrescentou que a preocupação não havia sido suficiente para levá-lo a mudar de idéia.

"Essa preocupação passou pela minha cabeça, mas, como em muitas outras coisas na vida, há momentos em que a pessoa ignora o óbvio simplesmente porque não deseja enfrentar a realidade", disse Spitzer a Matt Lauer, um dos apresentadores do programa, durante a entrevista ao vivo. Pouco mais de um ano depois de sua renúncia, Spitzer informou a Lauer que ainda estava enfrentando seus "diabinhos" pessoais e que estava tentando tocar a vida.

"Não tenho justificativas a oferecer", ele disse. "Tentei enfrentar esses diabinhos, tentei encará-los. O que fiz foi uma violação gritante da confiança que minha família, meus colegas e o Estado depositavam em mim, e por isso tive de pagar o preço - o que considero justo e apropriado".

Lauer apontou para o fato de que, por Spitzer não ter sido indiciado, muitos dos fatos relativos ao caso continuarem desconhecidos. "Imagino se o senhor poderia me oferecer alguma base de avaliação, alguma idéia, de por quanto tempo isso aconteceu, e com que frequência esses episódios se repetiam?", perguntou o apresentador.

"Não com muita frequência, não se levarmos em conta o contexto mais amplo de minha vida", disse Spitzer. "Foi uma violação gritante de conduta, em que eu incorri por muitos motivos, nenhum dos quais considero desculpável ou justificável".

Spitzer agora tem uma coluna na revista online Slate, e a maior parte da entrevista se concentrou nas opiniões dele quanto à crise financeira norte-americana. Quando à seguradora AIG e outros grupos financeiros que vieram a receber verbas federais de resgate, ele declarou que "nós deveríamos lhes fornecer liquidez suficiente para que não arrastem toda a economia com eles, mas depois deveríamos desmontá-los de maneira a que possa existir concorrência real e, se isso um dia tornar acontecer, não sejam considerados grandes demais para falir".

Lauter encerrou a entrevista perguntando a Spitzer se ele algum dia ele já se perguntou sobre o que estaria acontecendo caso ele não tivesse se envolvido nos problemas que veio a enfrentar, acrescentando que "o senhor era uma pessoa dotada do conhecimento e da posição de poder necessários a talvez fazer alguma coisa a respeito do que está acontecendo".

Spitzer disse que "é doloroso não poder participar", acrescentando que "a maior dor, sem dúvida, é a dor da minha família, mas ainda assim isso é algo que digo a mim mesmo".