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Quarta-feira, 31 de julho de 2024

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Confronto entre Exército e oposição mata um e agrava crise em Bancoc

Um tiroteio em uma área residencial de Bancoc, capital da Tailândia, deixou ao menos um morto, o primeiro desde a escalada dos violentos protestos da oposição pela renúncia do premiê Abhisit Vejjajiva. O episódio agrava a crise política em Bancoc, que continua em estado de exceção decretado neste domingo (12) e que levou o Exército às ruas.


Entenda as razões por trás dos protestos na Tailândia

O ministro Sathit Wongnongtoey afirmou que o tiroteio entre manifestantes e tropas aconteceu nos arredores de um mercado em uma área residencial tomada pelos camisas vermelhas --que querem derrubar o governo de Abhisit e abrir caminho para o retorno ao país do ex-premiê Thaksin Shinawatra, deposto em um golpe de Estado em 2006 sob acusações de corrupção e abuso de poder e que está no exílio.

"Houve um sério enfrentamento em frente à sede do governo entre manifestantes e moradores da vizinhança. Três destes últimos foram atingidos por bala e um morreu no hospital", declarou Satit.

Ele afirmou a um canal de televisão local que duas pessoas ficaram feridas nos confrontos, que ocorreram próximo à concentração dos manifestantes, do lado de fora do palácio do governo. Ainda segundo o ministro, a vítima é um homem de 54 anos. "Pessoas próximas a ele confirmaram que ele foi morto por camisas vermelhas", afirmou.

Chatri Charoenchivakul, do Centro de Coordenação de Emergência de Erawan, afirmou que a vítima levou um tiro no peito.

Saldo

Os confrontos desta segunda-feira entre manifestantes contra o governo e soldados já deixam 94 feridos em Bancoc, entre soldados e oposicionistas. A agência de notícias France Presse já fala em 101 feridos.

Segundo o Instituto de Emergência Médica do país, 24 dos feridos ainda estão hospitalizados.

Os confrontos desta segunda-feira marcam a escalada dos protestos dos camisas vermelhas. A agência de notícias France Presse informa que três ônibus foram incendiados e barricadas foram criadas em Din Daeng. Um edifício do ministério da Educação e sete ônibus foram incendiados perto da sede do governo, diante da qual estava reunida a maior parte dos manifestantes. Os manifestantes atiravam coquetéis molotov e pedras contra os soldados

Segundo a agência de notícias Associated Press, eles roubaram dezenas de ônibus públicos para fazer bloqueios em intersecções importantes da capital, queimaram pneus e veículos e jogaram dois veículos --um deles em chamas- contra linhas de soldados.

Há dois dias, os manifestantes quebraram as janelas de vidro e invadiram um centro de convenções que sediaria a cúpula asiática. O evento foi canelado e os líderes regionais tiveram que deixar o país imediatamente.

Reação

O Exército respondeu com disparos de advertência e bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes. Centenas de soldados ocuparam no fim da tarde tarde uma praça próxima do local.

O Exército da Tailândia utilizará "todos os meios possíveis" para restabelecer a ordem em Bancoc, advertiu o comandante das Forças Armadas, Songkitti Jaggabatara. "Não usaremos a força para reprimir nosso povo, pois somos plenamente conscientes de que são tailandeses. Mas nos reservamos o direito de fazer uso das armas em legítima defesa."

Abhisit afirmou nesta segunda-feira que os manifestantes devem voltar para casa, enquanto Shinawatra, em uma entrevista ao canal americano CNN, acusou as autoridades de maquiar o balanço de vítimas e afirmou que várias pessoas morreram na reação do Exército.

"Nas próximas horas serão adotadas várias medidas para garantir a segurança de todos os grandes portos, aeroportos e grandes infraestruturas", declarou o porta-voz do governo, Panitan Wattanayagorn.

Crise

O governo de Abhisit assumiu depois de seis meses de intensos protestos dos camisas amarelas, oposicionistas do antecessor. Os novos protestos levantam dúvidas se a Tailândia conseguirá, sozinha, deixar a grave crise política marcada por confrontos entre manifestantes e as forças de segurança.

Neste domingo (12), o governo decretou estado de exceção para tentar conter os protestos. A medida proíbe as reuniões de mais de cinco pessoas e as concentrações públicas que as autoridades considerarem que podem representar uma ameaça para a ordem.

A crise, contudo, parece persistir em um país onde quatro premiês nos últimos 15 meses não conseguiram resolver as divisões políticas entre aliados do governo real, militares, elite econômica e uma população rural simpatizante de Thaksin.

Eles acusam Abhisit, eleito há quatro meses --após a queda do seu antecessor, Somchai Wongsawat, aliado de Thaksin-- de ter chegado ao poder ilegalmente e de ser um fantoche nas mãos do Exército e de alguns conselheiros do rei Bhumibol Adulayadej.

Thaksin, 59, polêmico empresário bilionário que foi premiê de 2001 a 2006, quando foi derrubado por generais monárquicos, fugiu para o exterior para evitar uma condenação e diversas investigações por corrupção, mas continua sendo popular, sobretudo entre as pessoas mais pobres.

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