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Segunda-feira, 05 de agosto de 2024

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Corpo em porão pode ser de Rosa Luxemburgo, diz legista alemão

Um cadáver guardado há décadas no porão do hospital universitário Charité, uma das mais importantes instituições científicas da Alemanha, pode ser o da famosa revolucionária Rosa Luxemburgo, informou o diretor do departamento de medicina legal da instituição, Michael Tsokos. "Há semelhanças espantosas com Rosa Luxemburgo", disse o especialista.


Militante marxista, Luxemburgo foi assassinada com um tiro na cabeça em janeiro de 1919, após ser sequestrada e espancada por membros de uma organização paramilitar, a mando do governo social-democrata alemão. Depois, o seu corpo foi jogado em um canal fluvial de Berlim. Um corpo encontrado no canal no dia 31 de maio de 1919 foi enterrado como sendo o de Luxemburgo.

Tsokos diz crer, com base na análise do relatório da necropsia realizada na época, que o corpo enterrado como sendo o da revolucionária era de uma outra mulher, provavelmente alguém que se suicidou no mesmo canal.

Nas anotações, os legistas da época não atestam uma diferença no tamanho das pernas do cadáver, nem outras características físicas peculiares a Luxemburgo, que apresentava uma deformação na coluna e, por causa dela, andava mancando. Na cabeça necropsiada também não havia marcas de tiro. "Sob pressão dos militares, que tinham pressa em resolver o caso, os médicos emitiram o atestado usando uma outra morta afogada", avalia Tsokos.

O túmulo de Luxemburgo se encontra vazio, depois de ter sido saqueado pelos nazistas em 1935.

Conforme o especialista, o cadáver encontrado no Charité --apenas um torso de mulher, sem cabeça, mãos nem pés-- foi submetido a vários exames, até tomografia computadorizada. "A mulher sofria de artrose e tinha pernas de comprimentos diferentes, exatamente como Rosa Luxemburgo", acrescentou.

De acordo com resultado de análises laboratoriais para determinar a idade, a morta tinha entre 40 e 50 anos. Luxemburgo tinha 48 anos quando morreu.

Para Tsokos, a falta de pés, mãos e cabeça seria resultado dos arames de aço que foram amarrados com pesos nos pulsos, tornozelos e no pescoço para que o corpo não retornasse à superfície. O especialista diz que acredita ser possível que os fios metálicos e a correnteza da água tenham provocado a separação dos membros.

Ele reconhece, no entanto, que só poderá ter a prova definitiva por meio de exames de DNA. "Só assim poderemos ter uma identificação inequívoca", afirma. Tsokos espera comparar o material genético com mostras retiradas de uma sobrinha de Luxemburgo, que viveria em Varsóvia, para comprovar a identidade do corpo.

Deputados da oposição, líderes do partido de esquerda Die Linke (A Esquerda, em alemão), reivindicaram nesta sexta-feira a intervenção do governo alemão para que esse mistério seja esclarecido. A revolucionária é padroeira da agremiação.
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