O resultado das eleições presidenciais no Irã não era, é claro, o que o Ocidente estava esperando. Mas o caos político e a desordem pública também não é o que nenhum governo de fora quer ver.
As opções ficavam entre o presidente Mahmoud Ahmadinejad, que se declara abertamente antiocidental, e Mir Hossein Mousavi que, desde o início, deixou claro que queria por fim ao isolamento e dialogar com os americanos.
As relações com Mousavi certamente não seriam fáceis se ele tivesse sido eleito. O Irã sempre será um país difícil para os Estados Unidos, Reino Unido e outros países do Ocidente.
Até o Shah, que perdeu o trono porque tentou ocidentalizar o Irã rápido demais, era um homem difícil de se lidar.
O Irã é uma importante potência regional e carrega um sentimento histórico de ter sido rejeitado pelo Ocidente. Seus interesses frequentemente se chocam com os de governos ocidentais.
Para o Ocidente escolher entre Ahmadinejad e Mousavi significava enfrentar níveis diferentes de dificuldade.
Agora a questão foi resolvida. Mas para o resto do mundo, a eleição aconteceu de forma que poderá afetar por inteiro o segundo mandato de Ahmadinejad.
De acordo com um jornal iraniano no dia eleição, um ministro indonésio qualificou o Irã um exemplo para o mundo da 'democracia em ação'.
Após os violentos protestos de sábado e a prisão de dirigentes reformistas, é improvável que ouçamos este tipo de comentário por um bom tempo.
Mas, claramente, não é do interesse do resto do mundo que o Irã embarque em um longo período de desordem. O caos político em um país produtor de petróleo traria mais danos econômicos do que benefícios aos países do Ocidente.
Eles certamente vão preferir o presidente Ahmadinejad, com sua reputação manchada, à instabilidade política.
Calar dissidentes
O período que se seguiu às eleições mostrou uma importante mudança em relação ao passado: nunca foi tão difícil para as autoridades em um país relativamente sofisticado como Irã, calar os dissidentes.
Há relatos de que o escritório do respeitado canal árabe Al Arabiya em Teerã foi fechado. Ações foram tomadas contra outros jornalistas estrangeiros. O site da BBC tem tido o acesso bloqueado, assim como os telefones celulares.
Ainda assim, iranianos em todos os cantos do país têm sido mantidos informados sobre o que está acontecendo. Afinal, atualmente há muitas formas de ter acesso às notícias.
Ao se dar conta disso, até a emissora estatal iraniana (Irib) tem exibido imagens da violência de sábado em Teerã, uma decisão que deve ter sido tomada em alto escalão.
A República Islâmica atinge um momento difícil em sua história.
Tudo agora vai depender se Ahmadinejad pode aquietar os protestos sem criar mais raiva nas ruas.