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Quarta-feira, 07 de agosto de 2024

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Irã acusa os Estados Unidos de ingerência "intolerável"

O Ministério de Relações Exteriores do Irã convocou nesta quarta-feira o embaixador da Suíça, que representa os interesses americanos em Teerã, para protestar contra as ingerências "intoleráveis" dos Estados Unidos em assuntos do país.

O Ministério de Relações Exteriores do Irã convocou nesta quarta-feira o embaixador da Suíça, que representa os interesses americanos em Teerã, para protestar contra as ingerências "intoleráveis" dos Estados Unidos em assuntos do país.


"Devido as declarações intervencionistas de autoridades americanas, o embaixador suíço foi convocado por ser o representante os interesses americanos no Irã, e foi entregue a ele uma carta de protesto", segundo a televisão estatal iraniana.

O protesto ocorre um dia depois de o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmar ter "profundas preocupações" com a eleição presidencial iraniana, mas disse que não seria bom para Washington se intrometer na política do país.

Milhares de partidários da oposição voltaram às ruas de Teerã nesta quarta-feira para pedir tanto a anulação quanto a repetição da eleição presidencial da semana passada que reelegeu Mahmoud Ahmadinejad.

Usando roupas verdes --a cor do Islã e da oposição-- e carregando fotos do candidato derrotado e ex-primeiro-ministro Mir Hossein Mousavi, eles marcharam em silêncio até a zona norte da cidade.

A manifestação, assim como a desta terça-feira, também não pôde ser gravada ou fotografada pela imprensa internacional.

O veto aconteceu 24 horas depois que uma manifestação a favor da oposição, com cerca de um milhão de pessoas, terminou com sete mortes.

Apesar dos impedimentos, a oposição decidiu continuar com as manifestações. Mousavi convocou para esta quinta-feira uma manifestação e um dia de luto pelas vítimas da repressão policial dos últimos dias.

Em comunicado divulgado em seu site, o opositor convocou todos os iranianos a se aproximar das mesquitas e a marchar de forma pacífica pelas ruas para honrar 'os mártires e os feridos nos recentes eventos'.

Internet

Incapaz de conter as manifestações em massa diárias da oposição, o governo ampliou o cerco contra a veiculação dos protestos contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Nesta quarta-feira, a Guarda Revolucionária emitiu um alerta a blogueiros e mídia online exigindo que todo conteúdo que "crie tensão" seja eliminado de suas páginas na Internet --refúgio dos centenas de milhares de opositores diante da expulsão dos jornalistas estrangeiros e do silêncio da mídia estatal sobre a crise política no país.

Segundo o comunicado, quem tentar burlar a nova regra será alvo de "ações legais".

A Guarda Revolucionária é considerada o exército ideológico do regime teocrático iraniano e respondem apenas ao líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei --que declarou apoio ao resultado da eleição.

Prisões

Um professor universitário e um analista político, dois reformistas ligados ao candidato Mousavi, foram detidos nesta quarta-feira, informaram familiares e amigos.

Hamid Reza Jalaipur, professor de Sociologia da Universidade de Teerã e membro da campanha do conservador moderado Mousavi, foi preso em sua residência. Said Laylaz, um economista e analista político, também foi detido em casa, segundo a família.

Um número importante de autoridades e jornalistas reformistas foram presos, alguns deles já liberados, desde o anúncio da reeleição de Ahmadinejad.

Nesta terça-feira, o ministro da Informação, Gholam Hossein Mohseni Ejeie, anunciou que 26 organizadores dos distúrbios foram detidos.

Em Paris, uma porta-voz da organização Repórteres Sem Fronteiras Soazig Dollet, afirmou que ao menos 11 repórteres foram presos desde as eleições iranianas e o paradeiro de outros dez é desconhecido.

No site, a organização afirma que Aldolfatah Soltani, advogado e ativista dos direitos humanos, foi preso junto a outros dez políticos oposicionistas.

Resultado

Mousavi se declarou vencedor das eleições presidenciais da última sexta-feira passada (12), pouco depois do fechamento dos colégios eleitorais, e denunciou uma fraude a favor de seu rival, o atual presidente Mahmoud Ahmadinejad, a quem o Ministério do Interior atribuiu uma surpreendente vitória por maioria absoluta (62,6% contra 33,75% de Mousavi).

O Conselho de Guardiães, órgão de 12 integrantes que é o pilar da teocracia iraniana, rejeitou nesta terça-feira anular o pleito e aceitou fazer uma recontagem parcial dos votos, válida somente para as urnas cuja integridade foi questionada. Mousavi rejeitou a proposta como insuficiente.
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