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Quarta-feira, 07 de agosto de 2024

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Candidato derrotado à Presidência do Irã pede anulação de eleição

Mehdi Karubi, candidato derrotado à Presidência do Irã, aderiu nesta sexta-feira ao coro pela anulação do último pleito cujo resultado oficial dá cerca de 63% dos votos a Mahmoud Ahmadinejad, garantindo a sua reeleição, e cerca de 34% ao reformista Mir Hossein Mousavi, principal líder da oposição. Desde a divulgação dos números que dão a vitória a Ahmadinejad, milhares de iranianos vão às ruas diariamente, principalmente na capital Teerã, protestar.


Em carta aberta que deve ser entregue ao Conselho de Guardiães neste sábado (20), Karubi pede que o órgão --formado por 12 juristas cujo poder é inferior apenas ao do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei-- "aceite o desejo da nação iraniana e cancele a votação, para garantir a sobrevivência do atual regime".

Mais cedo, o aiatolá realizou um duro pronunciamento na Universidade de Teerã confirmando a vitória de Ahmadinejad e a legitimidade da eleição; e pedindo o fim dos protestos que, para ele, são instrumentos de pressão contra as autoridades e, por isso, um desafio à democracia; e atribui a violência nas ruas a atos de "extremismo".

"Os confrontos nas ruas são inaceitáveis", disse, assistido de perto por Ahmadinejad. "É um erro acreditar que, com movimentos de rua, se conseguirá que os responsáveis do sistema iraniano atuem a favor de interesses. Se os atos continuarem, voltarei a falar de forma mais clara", ameaçou, segundo tradução da agência de notícias France Presse.

Com o pronunciamento do aiatolá, os partidários de Mousavi, pela primeira vez desde o início do movimento, cancelaram uma manifestação marcada para esta sexta-feira. Outro protesto, marcado para o sábado (20), foi mais uma vez proibido pelo governo iraniano. A Anistia Internacional afirmou que ao menos dez pessoas foram mortas nas manifestações.

Ocidente

Em discurso baseado em dois pilares principais da política externa de Ahmadinejad --a crítica ferrenha ao Ocidente e a Israel--, o líder máximo do Irã acusou os diplomatas ocidentais de mostrar "sua verdadeira face".

Diversos líderes ocidentais criticaram a repressão às manifestações populares e alguns ainda pediram investigações das denúncias de fraude. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse que o Irã deveria responder às "sérias perguntas" levantadas pela reeleição e que suas boas relações dependem de o governo mostrar que a eleição da última semana foi conduzida de forma justa e que respeita os direitos humanos e a liberdade de imprensa.

Nos últimos dias, o Irã suspendeu todas as licenças de trabalho de jornalistas estrangeiros.

No pronunciamento, Khamenei disse que, desde a Revolução Islâmica, há 30 anos, muitos eventos podiam ter derrubado o sistema, mas "o navio sempre atracou no porto, porque o povo tem o apoio de Deus".

Fraude

Entre os indícios de fraude, os especialistas apontam o fato de Ahmadinejad aparecer sempre com o dobro de votos de Mousavi nos resultados parciais da apuração, quando é comum que haja variação, graças às diferentes tendências de diferentes regiões do país; e o fato de 39,2 milhões de cédulas terem sido contadas a mão em apenas 12 horas quando, no passado, em eleições com uma menor participação de eleitores, o tempo foi ao menos duas vezes maior.

Há dúvidas ainda por Ahmadinejad ter recebido a maioria dos votos inclusive nas Províncias em que a minoria étnica azeri, a mesma de Mousavi, é majoritária; e pelo clérigo reformista Mehdi Karubi ter conseguido só 0,85% dos votos quando ele obteve 17% no primeiro turno das eleições presidenciais de 2005.
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