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Quinta-feira, 08 de agosto de 2024

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Polícia iraniana reprime com violência manifestação no Parlamento

Centenas de manifestantes entraram em confronto nesta quarta-feira com a polícia e milícias paramilitares em frente ao Parlamento do Irã em mais um dia de protestos contra fraude na votação que reelegeu o ultraconservador presidente Mahmoud Ahmadinejad.


Os confrontos, relatados por testemunhas, já que a imprensa internacional foi proibido de cobrir os protestos, acontecem no mesmo dia em que o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, endureceu o discurso contra os manifestantes e afirmou que o país não cederá à onda de manifestações.

Tropas de choque e grupos de milicianos islâmicos Basij, ligados à Guarda Revolucionária, usaram gás lacrimogêneo e cassetetes para dispersar grupos de pessoas que levantavam os braços e clamavam "Alahu Akbar" ("Deus é grande").

A oposição denuncia irregularidades e fraude nos resultados da eleição presidencial que, segundo o Ministério do Interior, resultou na reeleição de Ahmadinejad com cerca de 63% dos votos contra 34% do reformista Mir Hossein Mousavi, líder dos protestos.

Depois do anúncio dos resultados em 13 de junho, milhares de partidários de Mousavi saíram às ruas para protestar. Segundo números oficiais, ao menos 20 morreram em confrontos entre manifestantes e as forças de segurança iranianas.

Segundo o jornal "The New York Times", testemunham relatam que o confronto desta quarta-feira foi violento e a polícia chegou a usar munição contra os manifestantes.

As testemunhas relatam que centenas de manifestantes tentaram se reunir em frente ao protesto em resposta à convocação de Mousavi, que pediu um protesto pacífico. Eles encontraram a polícia e os paramilitares no local, que logo lançaram bombas de gás contra os oposicionistas.

Mousavi deveria fazer um discurso para os manifestantes, mas, segundo os testemunhos, ele não apareceu.

Prisão 


Também nesta quarta-feira, o ministro de Inteligência iraniano, Gholam Hussein Mohseni Ejehei, anunciou que cidadãos com passaporte do Reino Unido foram detidos por suposta relação com os protestos que há dez dias ocupam as ruas da capital Teerã.

"O Reino Unido faz parte do grupo de países que instigou os problemas com sua propaganda e seus atos contra as regras diplomáticas", afirmou Ejehei, citado pela agência de notícias local Fars. Ele não informou o nome das pessoas detidas ou mesmo quantas foram presas pelas forças de segurança.

"A rede [de televisão britânica] BBC em persa e pessoas com passaporte do Reino Unido estavam envolvidas nos distúrbios", declarou o ministro, para quem os protestos obedecem a um plano orquestrado "dois meses antes das eleições".

"Grupos antirrevolucionarios entraram no país nas semanas anteriores ao pleito e foram detidos durante os distúrbios. Um destes detidos se passava por jornalista e, desta forma, reunia dados para os inimigos", explicou o ministro.

Ainda de acordo com Ejehei, aqueles que pediram ao povo para sair às ruas "e descumpriram" a lei são responsáveis pelo "derramamento de sangue" --uma clara alusão a Mousavi e Mehdi Karubi.

A imprensa iraniana afirmou ainda que a polícia prendeu cerca de 20 pessoas na sede do jornal "Kalameh", favorável ao candidato Mousavi.

Segundo fonte ligada aos oposicionistas, a redação do jornal, localizada em um edifício no centro de Teerã, já não estava em funcionamento, mas ainda era utilizada como centro de reunião.

A polícia iraniana anunciou que tinha desmantelado o quartel-general dos "sabotadores", "utilizado como base de campanha por um dos candidatos presidenciais" derrotados no dia 12 de junho.

O comunicado não esclarecia de qual candidato se tratava, mas a emissora pública em inglês PressTV assegurou que o prédio acolhia vários escritórios de Mousavi.
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