O Ministério de Relações Exteriores da Rússia afirmou nesta quarta-feira que Moscou foi traído pela decisão do governo do Quirguistão de manter a base americana em seu território --a única dos Estados Unidos na Ásia central.

A decisão foi anunciada ontem pelo governo quirguiz, após um acordo com Washington que inclui o pagamento de US$ 180 milhões, o aumento de mais de três vezes do valor anual do aluguel e mais dezenas de milhões de dólares em acordos de cooperação.

Comemorada como uma vitória por Washington, a base no Quirguistão é essencial para o fornecimento de suprimentos para os soldados americanos no Afeganistão --e ganha importância ainda maior já que os EUA pretendem dobrar o número de cidadãos no combate ao terrorismo no país.

Moscou, afirma o jornal "Daily Telegraph", rejeitou a decisão como uma derrota na campanha do governo russo de reconquistar a dominância sobre as ex-repúblicas soviéticas na Ásia.

Washington barganha com o país asiático para manter a base aérea Manas aberta desde fevereiro deste ano, quando a ex-república soviética anunciou o seu fechamento --pouco depois de conseguir um pacote de US$ 2 bilhões em ajuda e crédito da Rússia.

A ajuda, contudo, não venceu o generoso pacote dos EUA, que aceitaram triplicar de US$ 17,4 milhões para US$ 60 milhões ao aluguel anual da base.

"O governo quirguiz afirmou repetidamente que a decisão de fechar a base era final e não aceitava revisão", disse Andrei Nesterenko, porta-voz do ministério russo.

"A notícia de que a base seria mantida foi, para nós, uma surpresa desagradável", disse um oficial de alto escalão, citado pelo jornal "Kommersant". "O fato de que os militares americanos têm presença na Ásia central rompem com os interesses da Rússia e nossos acordos com a liderança quirguiz", disse.