O presidente da Bolívia, Evo Morales, viaja hoje para Viena para pedir pessoalmente à Comissão de Narcóticos da ONU (CND, em inglês) a descriminalização da folha de coca e defender os usos tradicionais da planta como parte da identidade cultural andina.
Morales viajará hoje à noite para a capital austríaca para participar, pela primeira vez, na sessão plenária da CND, que começará na quarta-feira.
Em Viena, o presidente boliviano e ainda líder dos produtores de coca do país defenderá o consumo tradicional da considerada "folha sagrada e milenar" no mundo indígena andino.
"É impossível terminar com o uso tradicional da folha de coca", afirmou hoje Morales em La Paz em entrevista coletiva com a imprensa internacional.
Ele advertiu ainda de que o pedido da ONU para abolir o ato de mascar coca "é uma agressão ao movimento indígena e uma provocação" à sua cultura.
Além de viajar para Viena, Morales anunciou que enviará uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, para explicar a importância de a folha de coca ser retirada da lista de narcóticos da ONU.
"Não somos da cultura da cocaína, e sim da cultura da folha de coca", disse Morales, que defendeu que seu Governo trabalha para "racionalizar" os cultivos de coca na Bolívia e em um plano para industrializar seus derivados com fins nutritivos, medicinais e "benéficos", segundo o líder.