As eleições de domingo (29) e a votação no Congresso contra o regresso ao poder do presidente deposto Manuel Zelaya não serviram para "sanar" a crise política hondurenha, cuja resolução vai depender do novo governo, afirmou nesta sexta-feira o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, na abertura de uma sessão extraordinária do Conselho Permanente sobre os acontecimentos desta semana em Honduras.

Grande crítico do que a maioria dos países considerou um golpe de Estado em Honduras, Insulza não insistiu novamente, no entanto, no retorno de Zelaya ao poder.

Porfirio Lobo, vencedor da eleição presidencial, "que assumirá em 27 de janeiro está em melhor posição para iniciar a restauração [da democracia]", disse Insulza, no ao conselho da OEA.

Ele disse que a organização não pode "entregar um veredicto" sobre a eleição, para a qual não enviou observadores, e afirmou que a votação aconteceu em um "estado muito especial"

A OEA está dividida sobre o assunto, com um grupo grande de países, entre eles o Brasil e a Venezuela, dizendo que as eleições foram ilegítimas, porque realizadas sem o retorno de Zelaya ao poder, enquanto os EUA e alguns aliados, como Costa Rica e Colômbia, reconheceram a votação, vista por eles como uma forma de encerrar os meses de instabilidade política em Honduras.

O secretário-geral criticou a votação no Congresso nesta quarta-feira contra o retorno de Zelaya, dizendo que "foi uma mera repetição do libreto de 28 de junho, com os mesmos protagonistas", em referência à data de deposição de Zelaya, aprovada pelo Congresso e embasada em decisão da Suprema Corte.

Para Insulza, esses eventos "não serviram para resolver a crise da democracia, em Honduras".

O secretário-geral pediu que assim que Lobo assumir o poder encerre a "perseguição" a Zelaya, se afaste dos "autores do golpe", respeite os direitos humanos e convoque "as forças públicas para um amplo consenso nacional" a fim de devolver o país ao caminho democrático.