O principal candidato da oposição, Manfred Reyes Villa, do Plano Progresso para a Bolívia (PPB), pediu neste domingo aos bolivianos que decidam entre "a ditadura e a liberdade" e reiterou estar confiante de que poderá levar a disputa ao segundo turno. Reyes Villa é o segundo colocado distante nas pesquisas de intenção de voto, que dão ao atual presidente, evo Morales, vitória ampla já neste domingo.

O candidato do PPB convocou os cidadãos do país a "cuidarem de seu voto" e lembrou as denúncias de uma "fraude monumental", independentemente do novo censo biométrico --com fotos e digitais-- exigido pela oposição para a realização do pleito.

"Não podemos permitir que apareçam alguns habilitados para votar, que haja milhares de inscrições duplicadas, por isso, convoco as pessoas a defenderem seus votos e a terem a consciência de que seu voto tem valor", disse o candidato uma hora antes de votar em Cochabamba, a terceira maior cidade do país.

Reyes Villa demonstrou ainda estar seguro de que as eleições presidenciais serão definidas no segundo turno. "Vou ser um presidente que respeitará a lei. Se as pessoas quiserem, teremos paz e liberdade. Seremos uma alternativa diferente de paz, unidade e sem exclusões", declarou.

Reyes Villa é o principal dos sete candidatos que disputam a presidência com Morales, que busca a reeleição pelo Movimento ao Socialismo (MAS). Embora esteja em segundo nas pesquisas de intenção de voto, divulgadas antes do pleito, o postulante do PPB aparece a mais de 20 pontos percentuais de distância do favorito.

O candidato de oposição enviou ainda um cumprimento ao seu companheiro de chapa Leopoldo Fernández, que está preso na principal penitenciária de La Paz e concorre à vice-Presidência.

Fernández está detido há 14 meses pela morte de 13 pessoas em atos de violência em Pando, Departamento (Estado) que governava na época do massacre. Neste domingo, ele foi um dos primeiros a votar no presídio.

Mudança

Morales foi um dos primeiros a votar neste domingo no colégio Villa 14 de Septiembre, no município de mesmo nome, situado em Chapare, no Departamento de Cochabamba (centro) --um reduto dos produtores cocaleiros que apoiam o presidente.

Ele disse ser a opção da mudança na Bolívia. "O povo hoje tem o direito de decidir conscientemente se seguirá aprofundando a democracia ou se retornará ao neoliberalismo, se estiverem com a mudança ou com o neoliberalismo, isso decidirá seu voto", disse Morales aos jornalistas que o acompanhavam.

Morales chegou às 8h45 (10h45 no horário de Brasília) ao local de votação, acompanhado por sua filha, Eva Liz, e alguns dirigentes sindicais. Ele foi aplaudido pelos eleitores que estavam no mesmo momento no colégio.

O presidente disse estar otimista sobre os resultados das eleições, mas disse preferir não "cantar vitória" antes da hora. Ele ressaltou que a escolha entre os oito candidatos que disputam os comícios "estão nas mãos do povo".

Justamente por isso, pediu aos cidadãos que "participem ativamente" das eleições, que classificou como históricas já que são as primeiras realizadas sobre a nova Constituição, aprovada em janeiro passado.

Morales deve voltar a La Paz nas próximas horas e, às 17h (19h no horário de Brasília), receberá os membros do gabinete e dirigentes de vários setores da sociedade civil na casa presidencial para aguardar os primeiros resultados. O presidente anunciou que anunciará uma mensagem antes das 23h (1h deste domingo no horário de Brasília) sobre os resultados dos comícios.

Voto

As urnas abriram na manhã deste domingo aos mais de 5 milhões de eleitores cadastrados. Segundo emissoras de rádio e TV do país, a jornada --iniciada na maioria dos 22.742 colégios eleitorais no horário programado, às 8h (10h em Brasília)-- começou com longas filas, mas nenhum problema ou confronto.

As mesas de La Paz foram abertas uma hora antes do previsto.

Os mais de 5,1 milhões de bolivianos -- entre eles os radicados no Brasil, na Argentina, na Espanha e nos Estados Unidos -- elegem hoje o presidente e o vice-presidente. No país, serão eleitos também 36 senadores e 130 deputados, que formarão a Assembleia Plurinacional, órgão que substituirá o Congresso.

Em alguns departamentos e municípios, juntamente às votações, as populações locais se pronunciam sobre as autonomias de suas regiões. Os centros eleitorais serão fechados às 16h locais (18h no horário de Brasília).

Os primeiros resultados devem sair ainda esta noite, embora o resultado oficial seja divulgado apenas no dia 30 de dezembro.