O novo vice-secretário de Estado americano para as Américas, Arturo Valenzuela, visitará na próxima semana o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai -- países têm posições diferentes da dos EUA com relação à crise política em Honduras-- informou nesta quarta-feira o Departamento de Estado.
Durante a viagem, ele se reunirá com seus colegas nestes países para "discutir assuntos bilaterais e multilaterais", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Charles Luoma-Overstreet.
"Esta será sua primeira visita ao Cone Sul como subsecretário de Estado assim e a viagem incluirá apresentações e pedidos de cortesia", frisou Luoma-Overstreet, sem divulgar detalhes da agenda da viagem, que começará na Argentina.
Não é a primeira viagem Valenzuela, de origem chilena, à região sob sua responsabilidade desde que assumiu o cargo, no dia 10 de novembro. Desde domingo até esta quarta-feira, ele foi ao México e, há duas semanas, visitou o Canadá, que também está em sua área de competência. O Departamento de Estado informou que também está planejando outra viagem para os países andinos e, posteriormente, ao Caribe.
Valenzuela foi confirmado no cargo pelo Senado em 5 de novembro, quase seis meses depois de ter sido designado pelo presidente Barack Obama; no entanto, um senador republicano manteve o veto contra ele em desacordo com a postura de Washington na crise hondurenha.
O antecessor de Valenzuela, Thomas Shannon, designado como novo embaixador no Brasil, também sofre um veto e continua à espera de sua confirmação.
Para Michael Shifter, da ONG Inter-American Dialogue, a viagem acontece em um momento de alguma "irritação" nas relações interamericanas devido à questão hondurenha. Os EUA, que acompanharam a posição do continente ao considerar a deposição do presidente Manuel Zelaya, em 28 de junho, um golpe de Estado, passaram a apoiar as eleições do último dia 29 como uma saída para a crise, sendo acompanhados por Panamá Costa Rica e Colômbia.
Nesta terça-feira, os presidentes de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, que formam o Mercosul, além da Venezuela --que está em processo de adesão ao bloco-- concluíram a reunião de cúpula semestral em Montevidéu, com uma declaração de "firme condenação" ao que todos consideram ter sido um golpe em Honduras e reafirmaram o "total desconhecimento" do governo que emergiu das eleições.
O governo do brasileiro Luis Inácio Lula da Silva manifestou recentemente sua "decepção" com a falta de continuidade de uma política positiva iniciada por Barack Obama para a América Latina, segundo o assessor internacional da presidência, Marco Aurelio Garcia.