O ex-diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e Prêmio Nobel da Paz 2005, Mohamed ElBaradei, pediu paciência à comunidade internacional em relação ao Irã e seu programa nuclear porque este não representa uma ameaça iminente.

"Tenho certeza de que, mais cedo ou mais tarde, um grande compromisso será alcançado. Temos que ter paciência. O Irã não representa hoje uma ameaça iminente", disse ElBaradei em entrevista que será publicada amanhã no jornal austríaco "Kurier", mas que teve alguns trechos foram divulgados hoje.

No entanto, "algumas pessoas querem mostrar que o Irã vai ter uma bomba atômica amanhã", assegurou o diplomata egípcio, que pediu evitar "tomar decisões precipitadas".

Para ElBaradei, que foi diretor-geral da AIEA durante os últimos 12 anos e deixou o posto no último dia 30, "só há uma solução e ela se chama diálogo real".

O egípcio também negou que sanções internacionais possam solucionar o conflito, já que "só levam a mais confronto"

ElBaradei, reconhece, no entanto, que os esforços do atual Governo americano para dialogar com Teerã não deram frutos.

"Agora a bola está com os iranianos. Infelizmente há agora no Irã agitação interna, lutas políticas", assegurou o diplomata, segundo o qual o objetivo do Irã é ser reconhecido como uma potência regional no Oriente Médio.

O mandato de ElBaradei à frente da AIEA acabou com uma resolução contra o Irã por sua falta de cooperação para esclarecer a natureza de seu programa atômico. As grandes potências mundiais preparam uma nova rodada de sanções caso a atitude de Teerã não mude até o final do ano.

O ex-diretor-geral da AIEA também foi duro com os ex-governantes dos EUA, George W. Bush, e do Reino Unido, Tony Blair, por terem invadido o Iraque com base em "uma fraude".

"Bush e Blair sabiam que o Iraque não tinha nenhuma bomba atômica e, apesar disso, destruíram um país inteiro. Um milhão de civis inocentes morreram no Iraque com base em afirmações falsas", lamentou o egípcio.