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Sábado, 27 de julho de 2024

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Após aprovação de pacote, Obama muda foco para déficit orçamentário

Após a aprovação do pacote de estímulo econômico de US$ 787 bilhões pelo Congresso, nesta sexta-feira (13), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deve mudar rapidamente o foco para o rombo no debilitado orçamento do país, que pode chegar a US$ 2 trilhões neste ano.


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Obama já marcou uma cúpula para discutir responsabilidade fiscal para o próximo dia 23 e, segundo reportagem do jornal "Wall Street Journal", deve divulgar um rascunho do orçamento três dias depois para pressionar os políticos a debater publicamente a crise orçamentária do país.

"É importante para nós pensarmos em médio-prazo e longo-prazo. E nós teremos que ter disciplina fiscal. Nós não conseguiremos financiar perpetuamente os níveis de déficit que o governo federal está carregando atualmente", disse Obama, em reunião com empresários nesta sexta-feira (13), na Casa Branca.

O rombo no orçamento foi um dos argumentos para a forte oposição republicana ao pacote de estímulo de Obama, que, entre resgate do setor financeiro e bancário e redução de impostos para a classe baixa, deve ampliar o já considerável déficit deixado por seu antecessor, George W. Bush.

Para acalmar os ânimos e inspirar o apoio ao seu plano, tido como crucial para a recuperação econômica dos EUA, Obama reiterou discurso de que usará o dinheiro dos contribuintes com responsabilidade. Seguindo esta linha, o diretor de Orçamento de Obama, Peter R. Orszag, se comprometeu a instituir regras mais rígidas de disciplina no uso do orçamento, assim que a economia começar a mostrar sinais de recuperação.

Estas medidas, afirma o "Wall Street Journal", incluem uma regra de que qualquer aumento nos gastos não emergenciais deve ser compensado com cortes em outros setores ou aumento nos impostos.

Longo-prazo

Segundo fontes do governo, citadas pelo "Wall Street", o rascunho do orçamento deve ser divulgado para tornar público a situação fiscal do país e evitar repetir algumas das técnicas usadas por Bush, como esconder dívidas de longo-prazo, como as guerras no Iraque e no Afeganistão.

Assim, o rascunho do orçamento deve projetar os próximos dez anos da economia americana e não apenas os cinco instituídos por Bush. Com o pacote de estímulo aprovado pelo Congresso, a dívida fiscal de 2009 deve exceder os US$ 1,2 trilhão previstos pelo Escritório de Orçamento do Congresso no mês passado.

Os assessores de Obama dizem que não estão procurando por ações rápidas, mas um primeiro passo para resolver a crise, em parte reflexo de outro discurso muito repetido por Obama de que a crise é de grandes proporções e por isso exigirá tempo e grandes ações para ser solucionada.

Em seu discurso no rádio, Obama advertiu aos entusiastas do projeto que a aprovação do pacote --"este passo histórico"-- "não será o último dado para superar a crise, mas apenas o primeiro".

As projeções para o déficit de 2009 feitas pela Strategas Research Partners estipulam um valor entre US$ 1,43 trilhão e US$ 1,9 trilhão --mais que o dobro do déficit recorde em tempos de paz, alcançado pelo governo de Ronald Reagan e próximo ao valor alcançado em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial.

Aprovação

O Senado dos EUA aprovou, por 60 votos a 38, a versão final do pacote de estímulo à economia americana, de US$ 787 bilhões, horas depois de a Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) também ter passado a medida.

A votação se estendeu durante horas, até quase 2h (no horário de Brasília), para que desse tempo de o senador democrata Sherrod Brown retornar de Ohio, onde esteve no funeral de sua mãe, para a votação em Washington.

A medida já havia sido aprovada pela Câmara no dia 28 do mês passado, mas apenas na terça-feira (10) o Senado a aprovou, mas com alterações: os deputados aprovaram o projeto com um valor de US$ 819 bilhões, enquanto os senadores elevaram a conta para US$ 838 bilhões. A medida foi aprovada por 246 votos a 183. Para entrar em vigor, o pacote precisa agora apenas receber a assinatura de Obama.

A versão "harmonizada" do texto que foi aprovada neste sábado é o produto de negociações ocorridas entre representantes das duas casas legislativas nesta semana, mas o processo para que se chegasse a um acordo sobre o valor do projeto teve diversas etapas.

Antes de chegar à Câmara, o valor estava em US$ 825 bilhões; ao sair de lá, ficou em US$ 819 bilhões. Até ser posto em votação no Senado, chegou a passar de US$ 900 bilhões; pouco antes de ser votado pelos senadores chegou a recuar para US$ 829 bilhões; finalmente, foi aprovado com o valor de US$ 838 bilhões. Até a aprovação de hoje, o pacote estava em US$ 790 bilhões.
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