Caminhões guincho, caçambas e outras máquinas ‘desmontaram’ toda a estrutura da secretaria de Trânsito e Transporte de Rondonópolis (Setrat), na tarde desta segunda-feira (24), para cumprir uma reintegração de posse determinada pela juíza titular da Segunda Vara de Fazenda, Maria Mazarelo, no dia 9 de abril deste ano.

A Prefeitura de Rondonópolis utilizava o terreno sem efetuar compra e sem pagar aluguel à proprietária, Emilia Crem Santos Sanchez, de 84 anos, desde 1978, quando ela emprestou a área para ser utilizada temporariamente como estacionamento para as máquinas da gestão municipal, as quais trabalhavam em uma obra realizada nas proximidades. Entretanto, a Prefeitura, por diversas gestões, nunca desocupou a área.

Impedida de vender a área, a qual mede 100 x 100 e fica na região central da cidade, dona Emilia ainda teve de arcar com uma dívida de R$ 120 mil de IPTU atrasado, referente aos anos que a prefeitura utilizou do terreno. A área estaria avaliada em R$ 3,5 milhões.

Os móveis da Secretaria e todos os outros equipamentos estão sendo levados para o depósito da antiga Casemat. A operação de reintegração de posse está sendo acompanhada pelo oficial de Justiça Carlos Roberto Stein e foi expedida pela oficial titular Ruth Carnaúba.

O procurador do município, Efraim Alves, e o secretário de Transporte e Trânsito, Donizete Aparecido, concederam entrevista coletiva sobre o assunto no final desta tarde. De acordo com Efraim, a administração atual tentou negociar a compra da área com o advogado da proprietária, mas a proposta de parcelar a compra em 20 a 30 meses não foi aceita.

O procurador afirma que a área não vale R$ 2 milhões e ainda que as administrações, ao longo do tempo, realizaram benfeitorias, como asfaltamento. O advogado faleceu logo após as primeiras conversas e a corretora de imóveis Neusa Novaes e o filho do advogado passaram a ser os intermediadores junto à prefeitura. A administração solicitou um prazo maior para desocupar o local, mas o pedido não foi aceito.

“Fomos pegos de surpresa”, falou o secretário. Donizete afirmou ainda que a prefeitura continua interessada em adquirir a área, no entanto, apenas de forma parcelada. Outros dois investidores também estariam interessados em comprar o terreno e por esse motivo a proprietária não quis esperar mais.

“O prefeito ficou chateado, claro. Ele reconhece o direito, mas gostaria de adquirir o espaço. A prefeitura tem interesse em mais espaços públicos, poderia ser construído ali um ginásio, um local multiuso. Ainda acreditamos num consenso, não temos culpa que está se arrastando há tanto tempo”, ressaltou.

Donizete informou que a proprietária deve entrar com uma ação judicial para reaver o valor dos aluguéis não pagos pela administração municipal. O secretário não soube informar o valor devido, que segundo ele está sendo levantado. O titular da pasta frisou que a Secretaria irá continuar funcionando normalmente, mas não soube dizer em que espaço.

Equipamentos de outras secretarias, como de Agricultura, e veículos do poder público, também estavam no terreno onde funcionava a Setrat e estão sendo retirados.

Mais informações em instantes / Atualizada às 18h09/ Nova atualização às 18h55