Os chamados sedãs médios sempre foram objetos de desejo entre os consumidores brasileiros que podiam pagar por um carro com mais tecnologia, itens de série e acabamento sofisticado. Por esse motivo, as fabricantes de veículos sempre investiram na qualidade desses produtos, como uma verdadeira vitrine. Porém, neste ano, modelos como Toyota Corolla, Honda Civic e Chevrolet Vectra perderam espaço para concorrentes bem mais robustos: os utilitários esportivos.
De acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), de janeiro a novembro deste ano foram emplacadas 157.366 unidades de sedãs médios. Volume abaixo das 182.975 unidades vendidas de utilitários esportivos ou SUVs. É a primeira vez que modelos como Ford EcoSport, Hyundai Tucson e Mitsubishi Pajero ganham essa “briga”. O volume chega a superar o total de sedãs médios comercializados em todo o ano passado (veja o gráfico).
O que ajudou a mudar o gosto do consumidor e dar um empurrãozinho nas vendas de SUVs foi a combinação de aumento de renda, disponibilidade de crédito e juros mais baixos. Características de um país com economia estável, que aumenta a confiança do consumidor.
“Os segmentos competem hoje. Se você for ver, o que mais vai crescer no Brasil nos próximos anos será o de SUVs, mas o segmento de sedãs sempre reinou”, afirma o gerente executivo de planejamento de marketing da Volkswagen do Brasil, Fabrício Biondo.
Apesar da tendência, o diferente gosto entre homens e mulheres é o que vai equilibrar esta disputa. “Os dois segmentos hoje, com o crescimento da renda, se combinam. Você tem consumidores que procuram SUVs por conta da versatilidade, da posição alta de dirigir, por isso ela agrada muito as mulheres. E os sedãs agradam mais os homens”, descreve Biondo.
Há uma tendência sobre esse tipo de carro porque é um objeto de desejo, uma transposição da personalidade das pessoas e uma visão do que fazer fora do trabalho ou em um fim de semana”, destaca o diretor geral da Citroën do Brasil, Ivan Ségal.
É um objeto de desejo, uma transposição da personalidade das pessoas"Ivan Ségal , diretor geral da Citroën do BrasilSegundo ele, o Aircross tem como o objetivo atrair os clientes de todos os segmentos e de todas as marcas. “Temos muitas pessoas chegando de universos diferentes, seja de sedãs, hatchs, SUVs”, destaca Ségal, que acredita que o modelo já cumpre o papel para o qual foi desenvolvido. Lançado em setembro nas concessionárias, o Aircross já conta com 2.586 unidades vendidas até agora.
Outros lançamentos como Hyundai ix35 e a nova geração do Kia Sportage aqueceram o mercado no final deste ano. A briga promete esquentar ainda mais no ano que vem, com a chegada do Renault Duster e do utilitário esportivo da família Agile, da General Motors. Seja qual for o resultado dessa disputa, quem ganha são as fabricantes, afinal, esses produtos garantem margem de lucro muito maior do que qualquer modelo popular líder de vendas.