Talvez os Estados Unidos e seu poderio não sejam muito populares no país de Hugo Chávez, nos dias de hoje. Mas, nos anos 1970, os carros americanos dominavam as ruas. “Tenho este carro porque adoro os clássicos”, diz o jovem Leonardo Martinez Bolivar, orgulhoso dono de um Mustang 1971.

Muitos veículos deste tipo ainda chamam a atenção nos bairros mais pobres de Caracas. Embora consumam muita gasolina, os venezuelanos não se importam. Afinal, pagam menos de 10 centavos de dólar por litro. “A gasolina aqui é uma dádiva”, exalta Luis Fernando Garays, feliz proprietário de um Ford Dodge Dart 1976.

Estes carros foram importados nos anos 1970, quando a alta dos preços do petróleo fortaleceu a economia da Venezuela. Hoje, os veículos estão parados no tempo e remetem aos clássicos dos anos 1950, em Cuba.
O mecânico Miguel Delgado mostra um Ford Fairlane 500, que, diz ele, está em ótimo estado. Ainda segundo ele, o carro pertence a um taxista, que quase não o tira da garagem.

Pode ser difícil manter estes veículos em boas condições, mas alguns venezuelanos os veem como um bom investimento, uma espécie de proteção contra a inflação alta.
“Há 12 anos, paguei 800 bolívares por este carro. Hoje, não o venderia por menos de 42 mil”, afirma Luis Fernando Garays, sobre seu Dodge Dart.

Em alguns casos, um pouco de esforço físico e criatividade impedem que virem ferro-velho. Mas muitos veículos são tidos como preciosidades e passados de uma geração a outra. “Meu pai foi o segundo dono deste carro. Ele o reformou e me deu de presente na formatura do ensino médio”, conta Leonardo, sobre seu Mustang.

Para jovens como ele, estes clássicos são mais descolados que os modernos. Leonardo que o diga. “Vi o carro e fiquei impressionada”, revela sua namorada, Indira Oronel. Ela confessa que se apaixonou pelo Mustang, antes mesmo de saber que pertencia ao rapaz.