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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

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Corvette mantém tradição dos motores montados à mão

Foto: Luciana de Oliveira/G1

Corvette mantém tradição dos motores montados à mão
O "mural da fama" da fábrica de motores do Corvette em Wixon (MI), nos Estados Unidos, exibe 30 e poucos rostos sorridentes. É o time seleto de compradores de modelos "top" dessa luxuosa gama da General Motors que, além de pagarem a partir US$ 111,6 mil pelo Corvette ZR1 (cerca de R$ 230,5 mil na cotação da última terça-feira), ou US$ 75,6 mil (R$ 156 mil) pelo Z06, também desembolsaram um "extra" para ter o privilégio de montar o motor para seus carros.


O programa, lançado no fim de 2010, custa a partir de US$ 5.800 (R$ 11.634) e inclui um dia inteiro na planta.

Mas o processo artesanal de fabricação dos motores de alta performance da marca não acontece só para cliente ver. Os blocos LS7 e LS9 V8 que equipam os dois Corvettes mais rápidos são mesmo montados manualmente por especialistas, em uma das 3 pequenas e quase silenciosas linhas na unidade.

Homem e máquina
A montagem começa com a checagem das peças e o mesmo funcionário, sozinho, cuida do processo do início ao fim -são 3h30 de duração, em média. "Esses especialistas têm muito conhecimento sobre motores, passam por um treinamento específico para trabalhar aqui. E, como o foco aqui é qualidade, eles podem levar o tempo que quiserem em cada etapa, não são obrigados a cumprir a tarefa em um tempo determinado como em uma linha de montagem comum", explica o supervisor Rob Nichols.

Um dos "artesãos" em Wixon é Rich McBride, que chegou à GM em 1985, após servir à Marinha, e foi transferido para a fábrica de motores do Corvette em 2005, pouco depois de sua abertura. Ele e James Knipp são os mais antigos nessa linha que conta com cerca de 30 operadores trabalhando em um turno. Ali são fabricados 15 mil motores ao ano.

Obviamente eles contam com a ajuda de máquinas em algum momento: por meio da leitura de código de barras, elas verificam a precisão dos encaixes já programados para aquele tipo de motor e "liberam" McBride e seus companheiros para os próximos estágios da linha.

Mas o olho humano também conta: se o funcionário desconfiar que determinada peça não está de acordo com as especificações, coloca um selo de "suspeita" e manda para averiguação.

O último passo do processo é testar o funcionamento do motor: numa sala à parte, o ronco é ouvido pela primeira vez e aí cabe aos computadores confirmar que tudo funciona como se espera. O chamado "cold test" (teste frio) dispensa o uso de combustível para o funcionamento do motor. "o que seria caro e perigoso de se transportar, exigindo uma logística especial na linha", comenta o supervisor Nichols.

Da planta nos arredores de Detroit, os blocos são enviados em sua maioria para a fábrica de Bowling Green, no Kentucky, conhecida como "a casa do Corvette".

Cartas de agradecimento
Na linha de montagem, o veterano McBride explica com paciência aos jornalistas o que está fazendo e tem a companhia de um iPod no "carrinho" em que carrega o motor rumo a cada estação onde encontrará novas peças para montar esse "quebra-cabeças".

No caminho, ele consegue enxergar outro mural onde estão cartas, fotos, desenhos e mensagens -muitas de agradecimento- de seus "fãs". São donos de Corvette que quiseram fazer contato com quem fabricou o motor de seus carros. Eles sabem quem foi o autor porque uma placa com o nome desse funcionário é colocada no bloco.

"Obrigada por fazer o meu motor pessoalmente... Quando vi você no NatGeo [canal de TV] contei pra todo mundo que foi você que montou o motor do meu carro. Obrigada de novo", diz um cartão pregado no mural e assinado por Richard para um dos funcionários.

Quando a montagem é operada pelo próprio dono, o tempo para se concluir o trabalho pode até dobrar, mas o nome do cliente também vai para a placa no motor. Mesmo quando "fabricados" por leigos, os blocos têm a mesma garantia daqueles feitos na linha -isso porque um especialista orienta o cliente em cada passo do processo. Em ambos os casos, o texto na placa de metal dirá: "montado com orgulho por...".

Fã especial
No último dia 1º, McBride encontrou-se com um fã especial, Emerson Fittipaldi, que acompanhava jornalistas brasileiros na visita à fábrica. O ex-piloto ganhou de presente uma placa com o nome de McBride, que foi quem montou o motor do Corvette que foi o pace car das 500 Milhas de Indianápolis em 2008. O carro, autografado por Fittipaldi na época e movido a E85 (gasolina com até 85% de etanol), fica exposto bem na entrada da linha.

Também sairá de Wixon o motor do conversível 427 Collector Edition, o mais rápido desse tipo na história da marca, que vai comemorar os 60 anos do Corvette no ano que vem e foi usado como pace car da etapa de Detroit da Indy, no último dia 3. O supercarro contará com o motor LS7, o V8 de 7.0 litros herdado do Corvette Z06, que entrega 509 cavalos de potência a 6.300 rpm e torque de 64,9 kgfm a 4.800 rpm. É o que vem sendo montado há mais tempo na planta.

"Esta é uma combinação [de motor em um carro conversível] que não víamos no Corvette desde o fim dos anos 60, é bem especial", diz Jim Campbell, da divisão de motorsports da marca. Nesse carro, também, os futuros donos terão a chance de dizer que foram eles mesmos que "orgulhosamente montaram" o motor.
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