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Domingo, 07 de julho de 2024

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'No Brasil, não estamos preocupados com os outros', diz chefe da PSA

'No Brasil, não estamos preocupados com os outros', diz chefe da PSA
À frente do grupo francês PSA Peugeot Citroën na América Latina, o português Carlos Gomes tem nas mãos uma das chaves para a companhia não depender mais da Europa e, assim, recuperar-se da crise que a levará a demitir cerca de 8 mil pessoas na região e fechar uma fábrica.


A palavra de ordem dentro da empresa é "internacionalização", o que obriga as duas marcas a renovar o portfólio em todo o mundo. O Brasil, experiente em crises muito piores, ganha destaque por sua nova posição econômica, ao lado de China e Rússia.

Gomes concedeu entrevista exclusiva ao G1 durante o Salão de Paris, que acontece até o próximo dia 14, e citou os principais pontos desta nova fase estratégica do grupo francês, que ganha a força da gigante e recuperada norte-americana General Motors e se prepara para abraçar 6,5% do mercado brasileiro de carros.

G1 - A PSA enfrenta uma difícil situação hoje, a ponto de anunciar um plano de reestruturação. Com isso, ela mudou a estratégia e começou a investir com mais força em outros países. Qual a importância do mercado brasileiro neste processo?
Carlos Gomes - O ideal seria que todos os mercados crescessem, mas a realidade não é essa. Mercados como Espanha, Itália e Portugal tiveram quedas de 50% e eles são tradicionalmente muito fortes para a PSA. Nos países que estão bem, como Alemanha e Inglaterra, temos menos exposição e isso afeta muito a PSA. Então, a estratégia agora é enriquecer o mix de produtos e a internacionalização, que é o investimento em mercados em crescimento, o que inclui o Brasil. Hoje, com previsão de 3,5 milhões de unidades vendidas neste ano, estima-se que o mercado brasileiro chegue ao volume de 6 milhões de unidades em 2019.

G1 - E quais são as dificuldades para se investir no mercado brasileiro? Aqui no salão todas as empresas só falam em China e Rússia, por exemplo.
Gomes - O Brasil não é um mercado fácil, é muito volátil. Muitos fatores externos influenciam, como o novo regime automotivo. É preciso que as regras fiquem claras, para podermos fazer um plano de longo prazo. Mas cada hora há algo novo, fica difícil. Contudo, de forma geral, as perspectivas são boas.

G1 - E qual é a estratégia da PSA para o Brasil? Há meta de participação de mercado?
Gomes - A estratégia é clara: grande oferta de produtos para as duas marcas. Em 18 meses lançaremos 6 modelos. Lançamos a Hoggar, o 308, 408, 3008 e RCZ. A transformação total acontece agora com o lançamento da gama 208. Para a Citroën, temos o novo C3, com um dos melhores custo-benefício do mercado, o C4 hatch e a linha DS, que tem uma gama premium eficiente e de qualidade. Vamos lançar agora o DS4 e o DS5, que estarão no Salão de São Paulo, para aumentar a linha que estreou com o DS3.

Mas não estamos obcecados por metas. Em 2015, esperamos estar com 7% de participação de mercado na América Latina e 6,5% no Brasil, ao considerar as duas marcas juntas (Peugeot e Citroën).

G1 - As montadoras sul-coreanas viraram uma preocupação na França. No Brasil, elas também são vistas como fortes concorrentes? A Hyundai, por exemplo, vai concorrer com o 208 ao lançar o HB20.
Gomes - O governo sul-coreano tem toda a liberdade para comercializar carros na Europa, mas não facilita a entrada de carros europeus. Mas a Europa hoje está em crise, então, é natural que ela tente se proteger [sobre as acusações de dumping feitas pelo governo francês contra as marcas Hyundai e Kia]. No Brasil, não estamos preocupados com os outros. Teremos 15 carros lançados entre 2010 e 2015.

G1 - O perfil do consumidor brasileiro mudou. Ele está bem mais exigente. Com isso, as montadoras passaram a oferecer produtos mais completos. Isso também ajudou a diminuir o tempo entre o lançamento na Europa e no Brasil?
Gomes - Sem dúvida. O 208 vai chegar ao Brasil cerca de um ano após o lançamento na Europa e, o mais importante, ele será produzido localmente. Há dez anos o Brasil começou a fazer um movimento de evolução do consumo. Hoje, o que se vê é uma aceleração desta evolução do "gosto". Antigamente, a oferta era reduzida porque o brasileiro não tinha condição de comprar. Agora, com a oferta de crédito, a queda da taxa de juros, o aumento do poder de compra e um número bem maior de concorrentes, o brasileiro exige produtos de maior qualidade.

G1 - O senhor acredita que o novo regime automotivo vá incentivar mesmo a produção local de tecnologias já populares na Europa, como start/stop e injeção direta de combustível?
Gomes - O governo brasileiro quer aumentar o conteúdo tecnológico para que a eficiência energética evolua. Isso leva tempo, exige incentivo e o governo não pode ficar mudando as regras o tempo todo. Uma série de coisas podem ser feitas para responder às novas exigências. Nós já lançamos dois novos motores, fabricados no Brasil, que são extremamente modernos. E vamos continuar investindo.

G1 - A principal estreia da Citroën no salão foi o DS3 conversível. Está nos planos da Citroën lançar este modelo no país?
Gomes - Vamos ver. Ele é de um segmento que não é muito importante no Brasil. Precisamos de demanda para trazer o DS3 Cabrio. O tempo dirá isso. Estamos muito bem com esses dois lançamentos (DS3 e DS4) que vêm pela frente.

G1 0 Sobre a aliança PSA Peugeot Citroën e General Motors já há alguma novidade? Quando os produtos em conjunto serão anunciados?
Gomes - A aliança abrange sinergia em compras, desenvolvimento de novos produtos e logística. Para esta, a GM já assinou um contrato que sua empresa de logística ficará responsável. No caso de compras, vai ser feita uma joint venture que será sinalizada quando os processos jurídicos antitrust forem concluídos. Já os produtos serão anunciados até o fim deste ano. Como já foi dito, teremos compactos, plataformas médias e comerciais leves. Caso seja importante, todas as zonas onde as duas empresas têm centros de desenvolvimento podem participar, o que inclui o Brasil e a América Latina, de uma forma em geral. Mas não vamos fazer estes veículos antes de 2016. É um processo que leva tempo.
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