O carro mais famoso do Brasil faz aniversário neste domingo (20). O Dia Nacional do Fusca comemora a criação do automóvel que, segundo os apreciadores, “nunca vai sair de moda”.

Em Poços de Caldas (MG), a festa vai além. O Clube do Fusca Poços, eleito em 2012 o melhor do Brasil, inaugurou a sede oficial e o criador da data, Alexander Gromow, prestigiou o lançamento e reforçou a paixão pelo carro.

“Ser apaixonado por Fusca é ceder ao irresistível chamamento que o carro faz aos que tem uma mínima porção lúdica no coração”, disse.

Alemão, mas brasileiro de coração, o historiador é autor do livro ‘Eu amo meu Fusca’ e ativista de movimentos que visam a preservação do Fusca e de carros antigos. Dono de um modelo de 1955, chamado de “Rosinha”, o criador da comemoração destacou a importância do carro e da criação de uma sede para o clube na cidade.

“Participar desta inauguração de sede do Clube do Fusca tem um sabor especial, pois eu acompanhei todo o movimento desde que as primeiras pessoas se reuniram para criá-lo. Poços de Caldas é uma cidade magnética e eu sempre sou recebido com mais honrarias do que mereço por aqui, mas estou muito feliz em saber que o Fusca proporciona tanta coisa boa, inclusive a materialização das ideias, fazendo mágicas, como esta, de reunir tantos amigos”, enfatizou.

O novo espaço tem cerca de 130 m² e serve para abrigar os encontros dos amantes do WV Fusca e também dos antigomobilistas da cidade e da região. “Desde a fundação nós sempre sonhamos em ter um espaço dedicado a esta nossa paixão e agora conseguimos, literalmente, concretizar isso”, disse o presidente do clube, Ideraldo Cruz.
O grupo que hoje já tem cerca de 60 pessoas, que se autodefinem como Família Fusca Poços, reúne-se quinzenalmente para cultuar o veículo que chegou no país na década de 1950 e foi nacionalizado a partir de 1960.

Clube do Fusca e Família Fusca Poços

Engenheiro recém-formado, dono do primeiro Fusca que conseguiu comprar e apaixonado pelo carro, Juliano Dalla Rosa sentiu falta de ter, na cidade, encontros para discutir e celebrar o automóvel. Munido de criatividade e disposição, confeccionou convites simples e xerocados e percorreu as ruas de Poços de Caldas colocando-os em todos os modelos VW Fusca que encontrava.

Mas, foi justamente quando viu o Fusca de Evandro Trevisan estacionado na Praça Pedro Sanches, que descobriu estar sem os ‘convites’. Mas não se ateve, improvisou e em um guardanapo, fez o convite.

“A amizade dura até hoje. Nos conhecemos alguns dias depois, no primeiro encontro e desde que formamos o clube, somos amigos e partilhamos as conquistas, além do amor pelo automóvel”, destacou Juliano.

Já Evandro, que desde os dois anos é um apaixonado por Fusca, herdou o modelo cinza prata original do pai, fabricado em 1965 e há 35 anos cuida do carro como um membro da família. “Não sei o que não é ser um apaixonado por Fusca. Eu sempre convivi com esta paixão. Eu vendo tudo que for preciso, até meu filho, mas o carro não”, brincou.

A hereditariedade do amor pelo carro é tanta que, aos 14 anos, Evandro Filho já disputa o Fusca com o pai. “Eu já sei que o carro será meu. Meu pai diz que não tem como vendê-lo ou mesmo precisar o valor e eu sei disso. Sempre fui também apaixonado pelo carro”, disse.

Esta paixão é justamente o que move os responsáveis pelo grupo. Criado em 2004, o Clube do Fusca, o único da região, é reconhecido em todo o território nacional por ser o segundo do país autorizado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) a realizar exame de originalidade de veículos antigos e emitir Certificado de Originalidade aos carros que tem 70% das peças originais.

Com isso, a Família Fusca Poços só cresce. Atravessa, inclusive, as fronteiras geográficas. Os amigos Paulo Roberto Mota e João Alberto Cid enfrentaram oito horas de viagem por cerca de 600 quilômetros, de Fusca, da cidade de Araruama (RJ) para participar da inauguração da sede do clube e para comemorar o Dia Nacional em Poços de Caldas.

“Nós fizemos questão de prestigiar nossos amigos aqui, mas, tentamos vir, pelo menos quatro vezes ao ano na cidade, para os encontros e eventos que são promovidos. O clube, de fato, acaba se tornando nossa família”, destacou Mota.

Já Cid, que a vida toda relutou para comprar um Fusca e comprou, inclusive uma Brasília para não ceder ao carro, hoje se entrega ao amor que move os amigos. “Eu comprei meu primeiro Fusca há alguns anos, de um sobrinho que estava em uma situação difícil, mas eu nunca gostei do carro. Só que, ao conhecer o clube, os amantes e os encontros, percebi que ele é um membro da família que por acaso dorme na garagem. Eu não me arrependo. Sou aposentado e preciso de algo para fazer, me mover. O Fusca permite que eu vá a encontros, conheça pessoas e faça amigos por onde passo. Essa magia que o carro tem é incrível, pois ele é sempre o pivô de bons acontecimentos”, contou.