Crescer acima de 14% enquanto o mercado cresce 8,5%, receber da matriz dinheiro para investir e ter a certeza de lucro em 2010. Seria possível contar nos dedos os executivos brasileiros com essa otimista realidade. Marcos de Oliveira, presidente da Ford do Brasil e Mercosul, é um deles. Ele tem em mãos hoje R$ 4 bilhões para investir em cinco anos no país - o maior volume de recursos desde a fundação da montadora no Brasil, há 90 anos - em um extenso cronograma de lançamentos de modelos para o mercado nacional.
A entrevista com Marcos de Oliveira é a quarta da série especial do G1 com presidentes de montadoras no Brasil. Assista a trecho da entrevista no vídeo ao lado.
O plano da Ford para o Brasil se justifica. Enquanto os principais mercados globais da Ford ainda patinam em decorrência dos efeitos da crise, Oliveira acredita que o mercado brasileiro de veículos irá crescer entre 6% e 7% nos próximos 12 meses sobre 2009, que já foi um ano recorde. Por isso, Oliveira mantém em segredo o que a Ford prepara, mas assegura ao consumidor brasileiro — de forma discreta, para não despertar a concorrência — que há um planejamento agressivo de “lançamentos importantes” até 2013. “Este ciclo de investimento e esses novos lançamentos entre 2010 e 2013 serão em todos os segmentos nos quais operamos”, disse o executivo ao G1.
Neste ano, as vendas da Ford surpreenderam até os diretores mais otimistas da montadora - 14% até novembro, contra 8,5% do mercado geral de veículos no país. Isso garantiu expansão de meio ponto percentual de participação de mercado neste ano, para 9,7%. Parece pouco, mas não é. Trata-se de aumentar a fatia em um dos mais concorridos segmentos no Brasil, onde cada cliente tem sido cada vez mais disputado. Por isso, Oliveira acredita que trazer produtos que seduzam o consumidor será peça-chave na estratégia de conquistar clientes. “Essa é uma indústria em que o desejo pelo produto é muito importante”, ressalta.
Sobre os desafios futuros, o presidente da Ford do Brasil aborda a chegada das montadoras chinesas ao Brasil e a polêmica sobre uma possível liberação da comercialização de carros a diesel no país.
