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Cânions do velho oeste americano são opção de viagem

11 Abr 2009 - 18:25

The New York Times/Tradução: Amy Traduções

Foto: The New York Times

Cânions do velho oeste americano são opção de viagem
Se o nome Dry Fork Coyote Gulch (cânion da confluência seca do desfiladeiro do coiote) não é um aviso honesto de que isso não é seu passeio de costume, então o caminho pavoroso para o início da trilha vai eliminar qualquer dúvida. A estrada de areia Hole-in-the-Rock é uma das poucas rotas que chegam a tentar entrar na vastidão bíblica do deserto do sul de Utah, chamado de Monumento Nacional Grand Staircase-Escalante. Quando peregrinei por lá no último verão americano, não passei por qualquer carro ou sinal de habitação humana.


Mas só me dei conta de meu isolamento total depois que saí de meu 4x4 para a beira do Coyote Gulch, uma ravina cujas douradas pedras de arenito escondem três formidáveis cânions estreitos. O início do percurso solitário não oferece os familiares confortos dos parques nacionais, como cabanas da guarda florestal ou placas de madeira com boas vindas - certamente nenhum vendedor de lanches suspeito. Não havia nada além da vastidão de rochas se estendendo em direção ao horizonte, que às 10h da manhã já ardia como brasa sob o intenso sol de Utah. Apenas alguns marcos de pedra lá embaixo indicavam que não havia mesmo qualquer trilha de caminhada.

Eu corajosamente me lembrei de que era precisamente o que estava procurando - uma paisagem intocada desde 1872 - e saí rumo à luz penetrante. Fui ao sul do Utah seguindo os passos de um improvável aventureiro - Frederick Samuel Dellenbaugh, que aos seus tenros 18 anos embarcou na última grande viagem de exploração ao Velho Oeste. Esse ousado rapaz da era dourada do país atravessou o deserto selvagem em maio e junho de 1872 com um grupo de exploradores diletantes que dificilmente estavam mais preparados do que ele. Durante seus últimos anos, Dellenbaugh viajou o mundo como um artista e escritor, e ajudou a fundar, em 1904, o estimado Explorers Club, hoje na 70th Street no Upper East Side de Manhattan.

Mas eu estava fascinado por sua aventura adolescente, praticamente esquecida atualmente, quando ele e seus amigos descobriram a primeira rota pelo labirinto de cânions do sul de Utah, o último rio continental desconhecido nos Estados Unidos, o Escalante, e a última cadeia de montanhas, a Henrys. Eles foram os primeiros a ver a extensão fantasmagórica do Bryce Canyon e os primeiros a cruzar o que é hoje o Parque Nacional Capitol Reef.

Em uma problemática encruzilhada do cânion, eles tentaram convencer um índio Ute a ser seu guia, "pois o labirinto à frente era um enigma", lembrou depois Dellenbaugh. Após o homem seguir seu caminho, o grupo foi em frente mesmo assim, confiando em seus espíritos e intuições.

Esse canto do sul de Utah foi imortalizado pelo pintor Maynard Dixon, o romancista Zane Grey, o fotógrafo Ansel Adams e inúmeros filmes de faroeste de Hollywood. Mesmo assim, ele ainda pode ser considerado o segredo mais bem guardado do Oeste. Enquanto milhões de viajantes são arrastados todos os anos ao Grand Canyon e aos Parques Nacionais Zion, o Grand Staircase-Escalante e suas áreas próximas oferecem um número aparentemente infinito de maravilhas naturais que estão felizmente esquecidas e vazias. É o Outback americano.

Logo após iniciar a caminhada pelo Coyote Gulch, me perguntei se seria possível eu desaparecer no vazio do deserto. Lá atrás, na cidade de Escalante, alguns guardas haviam impresso algumas direções para os três cânions estreitos. "Essas são rotas sem marcação", a tinta escura alertava. "Andarilhos devem prestar atenção nos pontos de referência para encontrar a saída."

Perdi de vista os primeiros marcos de pedra quase imediatamente após chegar ao aluvião do rio seco no fundo da ravina. ("A água é escassa", o folheto observava prestativamente.) Após alguns enganos de percurso, consegui chegar ao Peek-a-Boo Canyon, cuja quase indetectável entrada era rodeada pelo que parecia uma piscina rasa: dei um passo e afundei até as coxas na lama grossa. Enquanto o sol continuava a subir no céu, desejei ter um guia de Utah - ou ao menos um sistema de rastreamento por GPS.

Abraçando a parede do cânion em busca de sombra, persisti heroicamente e descobri o Spooky Canyon, batizado de "assombrado" por ter a atmosfera de um outro mundo. Era uma fenda na rocha de apenas 46cm, mas para mim se abriu como os portões de Shangri-La.

Enquanto me espremia dentro dele, o ar imediatamente se tornava fresco e perfumado. O céu parecia uma tira de um azul elétrico lá em cima, e a luz refletida parecia fazer o arenito dourado brilhar por dentro. Permaneci absolutamente imóvel, em estado lagártico, sabendo que não poderia me esconder ali para sempre.

Finalmente, bebi minha última água e cambaleei pela rocha como um personagem com insolação saído do filme Três Homens em Conflito. Estava morrendo de sede, arranhado e incrustado de lama - mas triunfante. Lá no Coyote Gulch, tive a sensação, mesmo que distante, do que Dellenbaugh e seus companheiros tiveram que enfrentar em 1872.

De volta ao lar em Manhattan, sempre passava pela fachada gótica do Explorers Club e pensava com mais que uma pontinha de inveja nos tranqüilos dias de viagem. Os fundadores do clube haviam crescido após a Guerra Civil Americana, quando você podia pegar um trem saindo do terminal Grand Central e mergulhar no Oeste como um personagem de um romance barato. Eles eram gente da pesada, que saía com pouco mais que botas pregadas e um mês de pão e bacon.

Frederick Dellenbaugh, recém-formado do ensino médio de Buffalo em 1871, soube que John Wesley Powell procurava por homens para sua segunda expedição de descida ao rio Colorado. Powell havia se tornado uma celebridade por conquistar o Grand Canyon em 1869; desta vez, a viagem pelas corredeiras seria combinada com o mapeamento do planalto do Colorado. Centenas se voluntariaram, mas Powell gostava de escolher sua equipe entre amigos e parentes, e Dellenbaugh, ligado ao explorador pelo cunhado de Powell, se tornou o artista da expedição.

A aventura durou quase 18 meses e envolveu várias situações de quase-morte no rio. Mas a conquista mais impressionante aconteceu em maio de 1872, quando Powell enviou o segundo no comando, Almon Thompson - um topógrafo autodidata apelidado de Prof -, a uma jornada de um mês no dorso de um cavalo através dos desertos desconhecidos do sul de Utah. Dellenbaugh o acompanhou e, 36 anos depois, em 1908, publicou seu relato clássico da expedição de Thompson, A Canyon Voyage, que se tornou um sucesso de vendas americano.

Tive o livro na minha biblioteca por anos e tentava regularmente associar as histórias ao mapa. Finalmente, decidi traçar um pouco da grande aventura eu mesmo. Minha jornada começou em Kanab, uma vila mórmon distante e limpa, com gramados cortados e edifícios municipais cercados de penhascos de um vermelho brilhante. Powell estabeleceu sua base de inverno ali, em tendas de lona com chão de madeira que quase formavam um forte. Kanab em 1872 não era nenhuma Deadwood: "Nenhuma loja de bebidas, ou salão de jogos, ou pista de dança estava lá para ser visto", escreveu Dellenbaugh. As bebidas tinham suprimento tão pequeno que um dos fotógrafos chegou a fazer coquetéis com seu álcool fotográfico.

A vida ficou um pouco mais flexível na atual Kanab. Você pode comprar álcool, da State Liquor Store, incluindo a cerveja de Utah, Polygamy Porter, ("Por que tomar apenas uma?"). Após escurecer, encontrei um bistrô novo em folha com europeus desgarrados desfrutando de salada de quinoa e sauvignon blanc.

No auge dos filmes de velho-oeste, Kanab se tornou inesperadamente uma cidade próspera, a Little Hollywood de Utah, uma locação de filmagens para dezenas de títulos famosos. Na loja de chapéus Stetsons, fotografias em preto-e-branco de estrelas esquecidas transformam a rua principal em uma Calçada da Fama do Oeste, e existe todo um parque temático com relíquias cinematográficas, como a cabana de Clint Eastwood em Josey Wales - O Fora da Lei. (Para os realmente nostálgicos, os resquícios do set de Gunsmoke se deterioram lentamente em um terreno privado a alguns quilômetros da cidade, visíveis da estrada.)

A hospedaria Parry Lodge, uma fila de cabanas retrô onde a maioria das estrelas se escondia - inclusive Charlton Heston enquanto filmava O Planeta dos Macacos - apresenta carretéis de filmes arranhados todas as noites de verão em um antigo celeiro. Os aventureiros da vida real, Powell e seus homens, parecem ofuscados por esses semideuses de celulóide. Tive até dificuldade para localizar o modesto monumento de pedra a Powell, marcando o local de seu acampamento de inverno. Ele fica em uma rua lateral na frente de uma escola primária. Um ponto de partida ideal, pensei, para encontrar a história por trás do mito do Oeste.

Maio estava terminando quando a meia dúzia de cavaleiros da expedição de Thompson se separou do grupo principal de Powell em Kanab, conduzindo uma caravana de mulas de carga e uma carroça. Eles desceram "canais e desfiladeiros barrentos e secos", nas palavras de Dellenbaugh em A Canyon Voyage, depois da sepultura de um garoto mórmon cujos ossos haviam sido espalhados por lobos. "O campo violado era uma visão desconcertante", descobriu Dellenbaugh a certo ponto, "especialmente quando a noite o cobre, aprofundando o mistério de suas gargantas e precipícios".

Comecei na mesma rota espetacular, hoje a Rota 89, entrando em um terreno que parece não obedecer qualquer regra existente na geologia. A norte de Kanab, o horizonte se expande para revelar uma série de planaltos, em cores que vão de branco como um osso, a chocolate, cinza, rosa coral e vermelho escuro. A combinação cria a ilusão de que a terra está se levantando em passos titânicos - por isso o nome, Grand Staircase (grande escadaria).

Mas a despeito do esplendor, foi preciso um pouco de esforço inicial para recuperar o ambiente da Era Dourada. Passei a noite no Parque Nacional Bryce Canyon, onde centenas de pedras em formato de dedos, chamados de hoodoos, sobem das profundezas. Dellenbaugh ficou boquiaberto com as formas assustadoras de um acampamento solitário na margem sul do Bryce Canyon, mas, hoje, esse é o único lugar em sua rota de 1872 onde ônibus de turismo estão em evidência.

Para evitar o choque, acordei às 4h30 da manhã no Bryce Canyon Lodge (coincidentemente, no quarto Powell) e desci as escadas no escuro. O velho guarda de segurança se desculpou por não haver café. "Mas você pode ir lá fora e ver uma chuva de meteoros", disse. "Assisti a noite inteira."

Sem dúvidas, luzes trilhavam o céu do deserto enquanto eu dirigia até o anfiteatro do cânion. Então, enquanto o céu se descoloria, segui a trilha Navajo até uma floresta silenciosa de hoodoos, afortunadamente sozinho. Senti-me como se caminhasse por uma cidade abandonada da tribo Anasazi, me arrastando sob portais naturais e por estreitos caminhos de pedra - até que fui arrancado de meus devaneios pelo som de galhos estalando atrás de mim, ainda inexplicado. Pude ver a manchete: "Viajante Imprudente Devorado por Leões da Montanha."

Saindo de Bryce Canyon rumo ao leste, ficou bem mais fácil visualizar Dellenbaugh e companhia perambulando pelo "intrincado labirinto de arenito", com cavalos avançando cuidadosamente por descidas íngremes e escorregadias em ziguezague. A Rota 12, uma das mais dramáticas dos Estados Unidos, é entalhada através do enorme Monumento Nacional Grand Staircase-Escalante, que cobre 7.689 km², uma área um pouco maior que Delaware.

Dirigindo por ela, o ano 1872 parecia se aproximar a cada quilômetro. As multidões evaporavam. As cidades pareciam abandonadas, as portas das casas do século XIX batiam ao vento. Até postos de gasolina ficaram raros. Por lá, você consegue sua informação de viagem de onde puder. No pequeno vilarejo fantasma de Escalante, onde o grupo de Dellenbaugh um dia acampou, um guarda florestal me deu uma autorização de 10 dias para armar minha tenda em qualquer lugar que quisesse nesses 7.689 km².

Ainda mais inspirador foi o centro de informações da cidade: uma cabana de pioneiros mórmons de 1880, onde trabalhavam um briguento aposentado de 70 e poucos anos, Arnold Alvey ("Treinamento e Cruzamento de Cavalos", lia-se em seu crachá), e sua esposa, Dion. Após denunciarem com afinco o presidente Bill Clinton por transferir uma área tão vasta de terra ao controle federal em 1996 (não voltei para saber como se sentem a respeito das semelhantes políticas de preservação da gestão Obama), Arnold recomendou que me apressasse para acampar próximo a um pequeno riacho chamado Calf Creek. "Não é o fim do mundo", disse, ¿mas você pode vê-lo daqui¿.

Um dos charmes de "A Canyon Survey" é a maneira com que Dellenbaugh se deleita nos pequenos pedaços de paraíso do deserto, raros canais que contêm água e sombra. (Sobre um desses oásis esverdeados, ele escreveu, "em gratidão, chamamos o curso d'água de Pleasant Creek (riacho do prazer) sem qualquer pretensão de originalidade".) Calf Creek deve ser um deles.

Como um tatu fugindo do sol, corri com minha Suzuki empoeirada para aquela fenda refrescante. Áreas de barracas sombreadas estavam ao longo de um riacho cristalino onde trutas se arremessavam sobre pedras lisas; o próprio ar cheirava a pedra fria.

Na manhã seguinte, saí em busca de uma cachoeira que disseram estar rio acima. Segui o riacho por quase 5 quilômetros, passando por pictografias ocres de índios Fremont e por ruínas de celeiros de pedra; esse exuberante refúgio verde abundava com gente da época da Primeira Cruzada. Enfim, cheguei à base de uma cascata de 38m com uma piscina circular cercada por samambaias e agraciada por uma praia de areia dourada - o próprio paraíso.

Tirei minha roupa, me joguei na água, registrei uma temperatura de quase congelamento e saltei logo para fora. A partir de então, simplesmente me reclinei ao sol, gentilmente umedecido pela névoa da cachoeira. Tentei imaginar todos aqueles viajantes de verão se acotovelando no Grand Canyon e nos Parques Nacionais Zion, a apenas um Velho Oeste de distância. Nesse momento, estava muito bem em meu próprio parque privativo.

A leste do Calf Creek, a paisagem se torna ainda mais estranha e sobrenatural. Cânions bocejam. Arcos brotam do nada, sem mencionar espirais, montes solitários, torres e pináculos. A terra entra em erupção e em convulsão. Existem locais de vigília no deserto selvagem em que nenhuma luz humana nos distrai das estrelas. Não surpreende que nas camisetas locais esteja escrito "Utah Rocks!".

Nessa etapa da jornada, Dellenbaugh parecia estar preocupado demais em estar perdido para lembrar da paisagem com floreios líricos. A expedição Thompson precisava atravessar de alguma forma os 160 quilômetros do Waterpocket Fold, uma formação rochosa atordoante em que a crosta do planeta foi rasgada e se ergue do deserto como os espigões de um estegossauro enfurecido. Hoje, esse é o Parque Nacional Capitol Reef; seu nome magnífico vem de uma das saliências arredondadas, que lembra o domo do Capitólio dos Estados Unidos.

Ainda mais assombrosas, em 1872, eram as Montanhas Desconhecidas - hoje conhecidas como Henrys - que se parecem com enormes barbatanas de tubarão. Finalmente, os exploradores empoeirados descobriram um mirante acima do rio Colorado. "A vista de nosso acampamento era extensa e magnífica", escreveu Dellenbaugh, "toda a região de Dirty Devil aberta como um livro abaixo de nós".

E Dellenbaugh lembrou, em autodepreciação, "atravessamos finalmente o desconhecido ao desconhecido, e nos sentimos muito satisfeitos com nosso sucesso". Na verdade, muitos topógrafos treinados profissionalmente tentaram encontrar uma rota por lá e falharam.

Quanto a mim, cheguei à beira de uma rodovia e percebi que estava no mesmo precipício de 305 metros. É uma vista de tirar o fôlego, a despeito do poderoso rio Colorado ter sido contido pela represa Glen Canyon em 1966, e o nível da água do rio ter subido para preencher o cânion e se tornar o turquesa lago Powell.

De lá, Dellenbaugh e seus colegas reencontraram Powell, passando pelas corredeiras do Grand Canyon e então retornando a Kanab para um segundo inverno, dedicado a desenhar o mapa levantado. No início de 1873, Dellenbaugh lacrou esse documento precioso em um longo tubo de metal e cavalgou através de nevascas até a cidade de Salt Lake, onde embarcou em um trem para Washington. Mais tarde em sua vida, como um artista reconhecido, Dellenbaugh retornaria ao sudeste regularmente para pintar.

Eu tinha só mais uma última parada em minha própria jornada. Quando voltei à Nova York, peguei o metrô para Upper East Side, até o Explorers Club. Na década de 1920, ele era o segundo lar de Dellenbaugh, e cogitei se ainda havia qualquer artefato seu.

Ao entrar naquelas pouco proibitivas muralhas de pedra, passei pelo urso polar empalhado no segundo andar até a biblioteca do clube. A arquivista, Dorthea Sartain, desenterrou para mim algumas cartas manuscritas de Dellenbaugh, com algumas fotografias desbotadas suas como um envelhecido homem careca, com bigodes espessos de pontas recurvadas e um elegante colete tweed.

Como voluntário, Dellenbaugh desenhou a bandeira do Explorers Club que ainda está em uso: vermelho e azul separados por uma diagonal branca e um motivo com base em um compasso. Seu protótipo costurado a mão está emoldurado em uma parede. Cópias foram levadas ao Monte Everest, à Amazônia e ao Congo. Uma versão de bolso foi carregada no pouso à lua da Apollo 11.

Existe alguma outra coisa de Dellenbaugh, perguntei. "Bem, o catálogo diz que temos uma de suas pinturas", respondeu Sartain hesitantemente. "Se eu conseguir encontrá-la." Fomos ao depósito do clube. Era um armário gigante repleto de relíquias empoeiradas, incluindo um tatu empalhado e um busto do guia esquimó do almirante Peary. Escalando uma prateleira, ela em seguida me passou um pequeno quadro a óleo de uma paisagem de deserto. As cores estavam turvas pela idade, mas conseguia claramente distinguir o nome do artista.

Gostaria de dizer que a pintura imortalizou as maravilhas remotas do rio Escalante, do Capitol Reef ou Calf Creek, mas não. Era uma paisagem do Grand Canyon. Mesmo Fred Dellenbaugh, ao que parece, se juntava à multidão por vezes.

Como chegar
As distâncias são extensas nesse canto do sudoeste americano, mas isso faz parte de sua sedução. O principal aeroporto mais próximo do sul de Utah fica em Las Vegas; de lá, Kanab está a cerca de quatro horas de carro.

Onde ficar
Desde os anos 1930, quando Kanab se tornou conhecida como Little Hollywood, o lugar para se hospedar tem sido Parry Lodge (89 E. Center St.; 888-289-1722; www.parrylodge.com). Ele possui 89 quartos (a partir de US$62), incluindo sete confortáveis suítes retro-chiques com pequenas cozinhas. Filmes de faroeste feitos na região são mostrados no velho celeiro em noites de verão; assisti à pouco conhecida atuação de Jack Nicholson em "Cavalgada no Vento" de 1965.

No histórico Bryce Canyon Lodge (888-297-2757; www.brycecanyonlodge.com), que fica aberto de abril a outubro, há quartos duplos a partir de US$ 130. Embora os quartos não sejam muito charmosos, a madeira antiga do prédio principal, que abriga quatro dos 114 quartos, já é em si maravilhosa e a localização é imbatível.

Além de Bryce, predominam os motéis baratos. A grande exceção é o Lodge at Red River Ranch (800-205-6343; www.redriverranch.com), próximo a Torrey, no portão do Parque Nacional Capitol Reef. Trata-se de um hotel no estilo Western antigo, luxuosamente decorado em uma área de 1 hectare, com vistas maravilhosas para penhascos vermelhos e 15 quartos a partir de US$160.

Onde comer
Você pode ter que procurar, mas um número surpreendente de bons restaurantes está escondido no sul de Utah. Em Kanab, o Rocking V Cafe (97 W. Center St.; 435-644-8001; www.rockingvcafe.com) é um bistrô e uma galeria de arte, onde o cardápio eclético inclui curry tailandês e camarão com alho e limão (cerca de US$80 para duas pessoas, incluindo o vinho). Nos fins de semana, você precisa até fazer reserva.

Em Torrey, as mesas no jardim do Cafe Diablo (599 W. Main St.; 435-425-3070; www.cafediablo.net) fornecem um cenário agradável para a cozinha refinada do sudoeste americano (cerca de US$80 para duas pessoas, incluindo bebidas).

Mesmo a limitada cidade de Escalante oferece uma opção de refeição improvável e excelente, além de muito casual: a cafeteria dentro do Escalante Outfitters (310 W. Main St.; 435-826-4266; www.escalanteoutfitters.com) tem boas pizzas (de US$ 12,50 a US$ 20), saladas e (acredite ou não) capuccinos, além de chope gelado. A companhia oferece passeios de fly-fishing com guia e aluguéis de mountain bikes (US$35 a diária).

O que fazer
Ao norte de Kanab, em Mount Carmel, o Maynard Dixon Home and Studio foi a residência de verão do pintor (Mile Marker 84, Highway 89; (435) 648-2653; www.thunderbirdfoundation.com). Construída em 1938, é uma bela residência sombreada, que ainda inclui um quarto escuro usado por Ansel Adams quando o mesmo se hospedou no local. Visitas sem guia custam US$10; visitas formais custam US$20.

Para ter um gostinho de modo relativamente fácil do Monumento Nacional Grand Staircase-Escalante, dirija até a estrada não asfaltada Hole-in-the-Rock até o Devil's Garden, onde estranhas formações rochosas esculpidas pelo vento se projetam no deserto. As condições atuais de caminhada no Dry Fork Coyote Gulch podem ser encontradas no Centro de Visitantes de Escalante (435-826-5499; www.ut.blm.gov/monument). Mesmo se você não ficar no acampamento de Calf Creek, faça a adorável caminhada à beira do riacho até a cachoeira mais inferior (há um prospecto para caminhadas sem guia disponível; o passeio de ida e volta tem 8,85 km, de três a quatro horas). O acampamento do Centro de Recreação de Calf Creek atende por ordem de chegada; os campistas devem deixar US$5 para o caseiro do local.

No Parque Nacional Capitol Reef (435-425-3791; www.nps.gov/care; entry, US$5 por automóvel) faça um passeio cênico de carro até Capitol Gorge, com duração de uma hora, e caminhe pelo cânion estreito; as inscrições dos pioneiros mórmons dos anos 1880 ainda podem ser vistas nas paredes. Butch Cassidy e Sundance Kid escolheram se esconder nesses cantos selvagens e inóspitos de Utah, e após alguns dias na área, você entende o motivo.

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