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Domingo, 04 de agosto de 2024

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Vilarejo de Choroní é paraíso de surfistas na Venezuela

Duas horas depois de deixar a cidade de Maracay, que fica a 100 quilômetros a oeste de Caracas, cruzando de ônibus as serras e a densa vegetação do parque nacional Henri Pittier - o primeiro da Venezuela -, chega-se a um destino escondido: o "pueblo" de Choroní.

Duas horas depois de deixar a cidade de Maracay, que fica a 100 quilômetros a oeste de Caracas, cruzando de ônibus as serras e a densa vegetação do parque nacional Henri Pittier - o primeiro da Venezuela -, chega-se a um destino escondido: o "pueblo" de Choroní. Com o mar rico em verdes como só o Caribe pode conseguir, o lugar é um dos paraísos de surfistas latinos e gringos nesse país chacoalhado pela política e pela salsa.


Choroní é um vilarejo de pescadores que, desde o raiar do dia, podem ser vistos estendendo redes e saindo com seus barcos. Foi no século XVII que essa região do litoral venezuelano começou a ser habitada pelos espanhóis, que levaram escravos negros para a terra antes ocupada apenas pelos índios churuní. É fácil notar a força dessa herança cultural pela forma batida e ritmada do falar que as pessoas mantêm até hoje. O sotaque deixa o espanhol difícil de entender, mas o esforço vale a pena: muito amigáveis e receptivos, os nativos sempre perdem um tempo fazendo perguntas e contando histórias aos turistas que aparecem.

A parte de Choroní que fica à beira-mar é Puerto Colombia, que conta com pouco mais de dez ruas cheias de coloridas casas coloniais, geralmente transformadas em pousadas ou restaurantes. A praia aqui é de pedra, não muito recomendada, portanto, para deitar e se bronzear. O mesmo não se pode dizer sobre uma caminhada no fim da tarde: a visão do pôr-do-sol no mar perto das montanhas é um belo espetáculo.

Apesar de também ser usado para a prática do surfe, Puerto Colombia perde nessa categoria para a vizinha Playa Grande - um balneário largo, de areia fina, mar maravilhoso e inúmeros coqueiros. Sua ponta mais afastada é imprópria para banho devido às pedras e correnteza, o que torna a faixa de areia vazia e tranquila. A ponta mais próxima do povoado, ao contrário, conta com quiosques para comer e até uma área de camping gratuita, onde só é exigido do visitante manter a limpeza do local.

Além de reunir a maior parte dos estabelecimentos comerciais de apoio ao turista, Puerto Colombia é também ponto obrigatório para quem quer explorar vilarejos escondidos dessa parte da Venezuela. Como o litoral é todo recortado por rochedos, algumas vilas e praias não possuem acesso por estrada.

Em Puerto Colombia, o "malecón" (barreira construída contra as ondas do mar) tem uma praça que serve como terminal para as lanchas que fazem a ligação com esses povoados isolados. Antes deles, é possível parar em Valle Seco, uma praia deserta que tem como atrativo os corais. Não é preciso muita experiência em mergulho para admirá-los: basta snorkel e máscara.

Chuao
O principal destino alcançável por lancha é Chuao, um povoado de pescadores e camponeses que se orgulham de produzir o melhor cacau do mundo - o Cacao Chuao. Quem não quiser ir por mar, tem como opção apenas uma trilha que passa pela floresta do parque Henri Pittier, mas a caminhada não é fácil: são 50 quilômetros, percorridos em três dias.

O povoado se divide em duas vilas: a da praia, onde moram os pescadores, e a rural, nas montanhas, onde se concentra a produção do cacau. Entre as duas, a estrada de aproximadamente quatro quilômetros rende um bom passeio a pé, mas a cidadezinha também conta com ônibus circular para levar as pessoas de um lugar ao outro. O ônibus, como todos os veículos do local, foi levado até ali de barco.

A produção do cacau já era importante para Chuao na metade do século XVII, quando uma peste obrigou a substituição completa das plantas por outra espécie. Anos depois, as terras destinadas à plantação foram doadas à Igreja, visando o perdão dos pecados de sua antiga proprietária, que acabara de morrer. A fazenda também passou pelas mãos da Universidade de Caracas (hoje Universidade Central da Venezuela) e vários ditadores antes de 1976, quando foi criada a Empresa Camponesa de Chuao. Até hoje, ela é administrada coletivamente pelos camponeses do vilarejo.

Apesar de o cacau se destinar exclusivamente à exportação para Itália e Alemanha, em Chuao pode-se desfrutar do artesanato e, principalmente, dos doces elaborados pelas mulheres "cacaoteras", como dona Vicenta e a senhora La Negra, as mais conhecidas do lugar. Toda a cadeia de produção é ocupada pelas mulheres - da limpeza das matas ao plantio e colheita. É possível vê-las trabalhando à beira das estradas ou no pátio central do "pueblo", onde fazem a secagem dos grãos escuros.

Cepe
Mais distante e ainda mais tranquilo que Chuao, também dependente do cacau, o povoado de Cepe possui suas casinhas em estilo colonial bem na beira da praia. Por ser um local pequeno, não se pode esperar uma ampla oferta de serviços, como restaurantes - comer em uma pousada costuma ser a opção.

Diferente de Puerto Colombia, a praia enquadrada pela vila de Cepe faz jus à sua condição caribenha: areia branca, mar azul-esverdeado, coqueiros. Só ela já seria suficiente para um dia de descanso, mas o turista pode ainda optar por uma segunda: Puerto Escondido.

Em novembro, o nanico vilarejo costuma virar ponto de peregrinação religiosa, já que é a etapa final da procissão da Virgen del Carmen, que sai de Choroní. Os fiéis passam em seu caminho por uma gruta, onde há uma pedra em forma de figura humana que é considerada uma santa. Ela não poderia ter escolhido lugar melhor para fazer os seus milagres.


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