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Sábado, 20 de julho de 2024

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Modelos estatísticos têm que ser mais precisos para subsidiar melhor políticas públicas

É necessário atualizar sempre os modelos estatísticos para torná-los mais realistas já que são fonte para a implantação de políticas públicas. A afirmação foi feita hoje (27) pela professora Mariane Branco Alves, do Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), durante palestra promovida pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence), em comemoração ao Dia do Estatístico e do Geógrafo (29 de maio).


“Se as políticas públicas, às vezes, não atendem a população, é preciso atualizar, evoluir os modelos matemáticos que revelam a realidade social”, disse Mariane, que enfatizou a importância da interdisciplinariedade do trabalho do estatístico para que ele não produza dados contraditórios com a realidade de uma região estudada. Segundo ela, o risco é, ao não retratarem devidamente a realidade, os modelos gerarem uma política pública que não seja eficiente.

Para exemplificar, a pesquisadora citou o possível levantamento sobre a relação entre doenças respiratórias infantis e poluição atmosférica. “Os números, muitas vezes, mascaram certas realidades. Fatores podem evoluir ao longo do tempo e seu efeito deve ser relacionado nos levantamentos.” Números equivocados podem, segundo ela, levar a uma conclusão errada. “Se houve aumento no registro de patologias respiratórias infantis numa região, a culpa não é diretamente relacionada à fábrica que já existia há anos na região, mas da direção dos ventos, da inversão térmica, da umidade do ar e de fatores influenciados pelo aquecimento global, que concentra gases nocivos da cidade em certas regiões.”

A pesquisadora destacou que sempre foi comum, na estatística, se deixar levar por conclusões baseadas em bancos de dados limitados. Se, por suposição, o modelo estatístico mostrar que houve aumento no número de casos de problemas respiratórios nas imediações do Jardim Botânico do Rio, o correto, segundo Mariane, seria que o banco de dados também contivesse informações sobre os casos da doença em Manguinhos, que é um bairro próximo. “Se a prefeitura não tiver uma análise estatística correta da situação, ela certamente tentará implantar uma política de melhoramento do ar do Jardim Bontânico e esquecerá de Manguinhos, bairro onde há altas taxas de emissão de poluentes na atmosfera”.
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