O líder do PT na Câmara Federal, Fernando Ferro (PE), disse nesta sexta-feira (4), em entrevista à Rádio Folha, em Recife, que a polêmica sobre o suposto dossiê encomendado pelos petistas contra o presidenciável José Serra (PSDB) surgiu porque falta à oposição um "projeto para o País". "Isso é falta de assunto, de política. Pois se (os tucanos) tivessem algum projeto para o País não estariam criando essa ideia. Não tem nada provado. Isso é uma tentativa de criar desconfiança por conta da ausência de proposta política", avaliou o parlamentar.

De acordo com Ferro, em todas as eleições existem histórias de "dossiês e arapongagens" e cabe aos políticos saber "conviver" sem ceder aos convites. "Me lembro que em 2002 a candidatura de Roseana Sarney (PMDB) foi detonada e José Serra é acusado até hoje de ter feito isso. Eles (tucanos) vão ter que provar que isso (dossiê) existe. Nós (PT) não precisamos de dossiê, o governo Lula não precisa de dossiê", afirmou.

A citação feita pelo deputado sobre 2002 remete à operação Lunus, que eclodiu durante a pré-campanha de Roseana Sarney para presidência da República. A Polícia Federal encontrou R$ 1,34 milhão em dinheiro na empresa Lunus, de propriedade da senadora e de seu marido, Jorge Murad. O montante seria resultado de desvios feitos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Um dossiê teria motivado o início das investigações.

O petista também ironizou a proposta feita por José Serra em sua última vinda a Pernambuco, no dia 28, quando propôs administrar, ao mesmo tempo, a presidência da República e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), esta última por seis meses. "Campanha eleitoral permite esse tipo de demagogia. Ele é identificado com um governo profundamente hostil com os nordestinos. Deve ter falado em ser presidente da Sudene porque está prevendo a derrota e quer o cargo".