A candidata à presidência da República pelo Partido Verde, Marina Silva, reafirmou, nesta quarta-feira (16), sua admiração e respeito pelo presidente Lula. "Durante 30 anos, eu senti aquele coração e ainda sinto (...) as minhas atitudes, a leitura que faço do coração dele, é sempre de gratidão e, quando a crítica é feita, é sempre procurando ser justa". Questionada se o carinho que sente pelo presidente será um dos tons de sua campanha, ela disse que não se trata de um tom de campanha, "isso é uma postura de vida. Eu vou tratar respeitosamente todas as pessoas: a ministra Dilma, o governador Serra, Plínio. Meus adversários no Acre sabem como eu lhes trato".

Sobre sua saída do PT, a candidata preferiu não falar das divergências que tinha no governo, principalmente com a ex-ministra Dilma Rousseff. "A minha saída foi a maior explicitação das divergências. Não quero me fazer de vítima", afirmou. Ela não quis fazer mais comentários, porque acredita que, agora que mudou de partido e não está mais no governo, falar de bastidores seria "falta de ética".

Marina afirmou que cabe ao cidadão brasileiro interditar esse "ensaio de guerra" que teve início com o caso do dossiê. "Qualquer informação que for conseguida tem que ser conseguida através do Estado democrático de direito". A polêmica sobre o dossiê começou com a divulgação pela revista Veja de que a coordenação da campanha da pré-candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, teria contratado uma empresa de comunicação de Brasília (Lanza Comunicação, do jornalista Luiz Lanzetta) e, por meio dela, montado um grupo para elaborar dossiês contra José Serra e outros tucanos. No entanto, a cúpula petista teria abortado a iniciativa. Os citados negam ter encomendado o dossiê.

Questionada sobre a formação do PV e forças de origem não progressistas dentro da legenda, como Sarney Filho (filho do presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP), Marina disse que é um erro comparar a trajetória dos pais a dos filhos. "Por que a gente sempre põe a conta do presidente Sarney no Sarney Filho, o tempo todo, como se fossem a mesma pessoa? Eles não são. (...) Não dá para a gente pegar a trajetória do presidente Sarney e colocar nas costas do Sarney Filho", afirmou. Sobre seu partido, a candidata também lembrou que o PV não perfeito e "tem as mesmas dificuldades que têm os outros".

A candidata reforçou que é a favor do reajuste de 7,7% aos aposentados, mas que deve existir um lugar de "onde cortar" e sugeriu as emendas parlamentares como "um gesto". "Se os parlamentares concordaram em fazer o acréscimo, obviamente, tem que ter um lugar de onde cortar. As emendas parlamentares podem ser um gesto. O que foi manifestado em termos políticos no voto agora (tem que ganhar) coerência prática no sentido do corte", afirmou.

Aparência
Marina afirmou que não acredita que, por ser candidata, a pessoa deva ganhar uma imagem de "super-herói". "O século 21 suscita colocar as lideranças políticas no lugar de seres humanos". Sobre sua própria aparência, a candidata brincou: "eu fiz, sim, alterações. Se vocês olharem melhor, o meu coque está muito mais produzido que o anterior". Ela disse ainda que não tentaria dançar o rebolation, porque seria uma fraude. "Eu nunca aprendi a dançar".

Temas polêmicos
A candidata verde se colocou a favor das cotas para negros em universidades. "É necessário que tenhamos políticas de cotas para suprir mazelas históricas".

Já sobre a reeleição, a posição de Marina foi contrária. "Sou favorável à ampliação (do mandato) para cinco anos e contra a reeleição. Isso constitui um prejuízo para o Brasil e para a América Latina de forma geral". Ela se disse a favor da candidatura avulsa como forma de "oxigenar a política". "Hoje os partidos não respondem mais pela forma de contribuição política da sociedade".

Marina criticou ainda a forma como foi feito o plano nacional de banda larga. "Não é de forma surpreendente que em época de eleições se faça isso", provocou.