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Sábado, 20 de julho de 2024

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Genro e Fogaça: um ataca as bases do outro no RS

Em uma disputa que tem todos os ingredientes para se tornar acirrada, os dois principais candidatos ao governo do Rio Grande do Sul adotam como parte da estratégia para angariar votos o avanço sobre as bases de outros partidos, sejam eles integrantes ou não de coligações adversárias.

 
O PT, que tem como candidato ao governo o ex-ministro Tarso Genro, chegou a mobilizar sua estrutura para identificar dissidentes em outras legendas, e pretende finalizar nesta quinta-feira (14) um levantamento sobre a situação em cada região do Estado. O PMDB, cujo candidato é José Fogaça, entrou no jogo, e anuncia que tem o apoio de integrantes de diferentes partidos, mas que não faz listas por uma questão de respeito.

"Estamos fazendo a consulta por município. Esperamos ter uma lista de nomes que tenham a disposição de externar seu apoio ao Tarso, mas não queremos causar problemas porque, às vezes, as pessoas tem receio de vir a público", ressalva o coordenador geral da campanha de Genro, Carlos Pestana. "Não tenho interesse em aparecer e não ficamos escavando em partidos políticos. Trabalho em silêncio, e o trabalho vai aparecer. Nesta semana, vamos receber muitos apoios", rebate o coordenador de campanha de Fogaça, o deputado federal Mendes Ribeiro Filho.

Mesmo que de público lideranças petistas e peemedebistas, e os próprios candidatos assegurem que "respeitam" as questões internas dos outros partidos, na prática os movimentos são outros. Quem primeiro lançou mão da estratégia foi o PT, ainda no início da pré-campanha. Genro repete desde então que o PDT (principal aliado do PMDB na eleição estadual, e que indicou o candidato a vice-governador, o deputado federal Pompeo de Mattos), fará parte de seu governo caso ele vença a eleição.

Aproveitando a rejeição pública de alguns prefeitos pedetistas a Fogaça, e do prefeito da cidade de Taquara, Délcio Hugentobler, em específico, lideranças petistas sempre que possível reforçam a tese de que o PDT está rachado no apoio ao PMDB. Na semana passada, quando o ex-governador Alceu Collares (PDT) abriu o voto para Genro, a questão ganhou fôlego.

Dentro do PT há quem garanta que existem apoios importantes também no PTB e no PP. Na eleição estadual o PP está aliado ao PSDB, que tem a governadora Yeda Crusius candidata à reeleição. O PTB decidiu liberar seus filiados no primeiro turno e priorizar a campanha para a chapa proporcional (na qual, para a Câmara Federal, está aliado ao DEM). De público, já abriram apoio a Tarso quatro petebistas com expressão em seus municípios (as cidades de Canoas e Novo Hamburgo). Ainda não houve manifestações de progressistas.

A proximidade entre Genro e o senador Sérgio Zambiasi (PTB), que já abriu o voto para Dilma Rousseff à presidência e Paulo Paim ao Senado, é sempre lembrada. Mas, segundo o próprio Pestana, o PT não acredita que o senador vá informar em quem vota para o governo.

Enquanto isso, Fogaça assinala que também possui apoiadores dentro do PTB e do PP e, além deles, do DEM. É fato que o deputado estadual Paulo Borges (DEM) aceitou coordenar o comitê suprapartidário da campanha de Fogaça e que o partido quase tirou posição de apoio ao peemedebista após a candidatura do aliado PTB ao governo estadual não ter prosperado. E PTB, PP e DEM estão na base da administração municipal da Capital onde, até o fim de março, Fogaça era prefeito. "Tenho recebido diversas manifestações do PP, mas respeito muito o partido, que está em outra aliança", desconversa Mendes quando lhe pedem para citar nomes. Nesta terça-feira (13), o PMDB acredita ter conseguido marcar pontos na corrida para mostrar quem vai melhor entre os adversários. O presidente do PSB da mesma cidade de Taquara (aquela onde o prefeito pedetista apoia abertamente Genro), deu publicidade a sua opção por Fogaça. O PSB indicou o vice de Genro, o ex-prefeito das cidades de Cristal e São Lourenço do Sul, Beto Grill.

Apesar do constrangimento dentro do PDT e do PSB, nos partidos assediados que não integram as duas alianças a posição oficial é de indiferença. "É o momento em que todo mundo tenta atirar o anzol. Mas estamos com o PSDB e até agora não vi ninguém do PP dizer que vai votar em outro partido", informa o presidente do PP gaúcho, Pedro Bertolucci. Ele admite que o PP de Porto Alegre tem uma ligação forte com Fogaça e que há cidades onde PP e PT são aliados, mas considera que a discussão não é para este momento.

"Se existir um segundo turno no qual não estejamos, aí é outra eleição. O Fogaça é o vizinho mais próximo, mas há cidades onde estamos com o PT nas prefeituras, e nelas será possível uma conversa".

O presidente do PTB gaúcho, o deputado estadual Luis Augusto Lara, avalia que serão casos isolados os de apoio. "O PTB decidiu pela neutralidade no primeiro turno, que favorece os candidatos a deputado, porque eles ficam só com as suas adversidades e não precisam carregar um candidato ao governo".

Lara, porém, faz um alerta para os que pretendem abrir apoio no primeiro turno. "Como o partido vai ter posição no segundo turno da eleição, quem já tiver escolhido candidato pode passar por um certo embaraço. Posição individual nunca é boa", disse.
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