O vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, afirmou nesta quinta-feira (2) que existe uma “operação-abafa” dentro da Receita Federal na investigação sobre a violação de sigilos fiscais de pessoas ligadas ao seu partido. Ele foi um dos que teve seu sigilo fiscal violado, segundo admitiu a própria Receita Federal.

Na visão de Eduardo Jorge, o fato de a violação do sigilo de Veronica Serra, filha do candidato José Serra (PSDB), só ter sido confirmada após a divulgação da imprensa mostra a intenção de abafar o caso. Segundo o tucano, a Receita já sabia desta violação quando foi dada uma entrevista na sexta-feira admitindo o vazamento de dados de outras pessoas. Ele destaca que na segunda-feira (30) a Receita já tinha notificado a servidora que acessou os dados de Verônica.

“É claro que existe uma operação abafa. O fato de que eles sabiam de tudo isso e estão passando informações a conta-gotas a medida que a imprensa descobre mostra isso”, afirmou Eduardo Jorge.

Um documento mostra que na terça-feira (31), quando a Receita afirmou que Veronica tinha pedido o acesso, já havia dentro do próprio órgão a suspeita de que a procuração que permitiu o acesso era falsa.

Eduardo Jorge afirma que é preciso fazer uma investigação completa de quem violou, quem encomendou e qual o uso político que se pretendia dar aos dados violados. Ele afirmou que a Receita poderia a qualquer momento entrar no escritório do contador Antonio Carlos Atella Ferreira, que usou a procuração falsa, e apreender os documentos que mostrariam quem fez a encomenda.

Para o vice-presidente do PSDB, a demissão do secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, não seria “suficiente”. “A saída dele não resolveria o problema. No início, talvez a saída fosse resposta à altura, mas agora isso não seria suficiente”. Eduardo Jorge disse ainda que é preciso discutir no Congresso os poderes, os limites e os mecanismos de controle da Receita Federal.