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Domingo, 21 de julho de 2024

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Lá de longe

Bulgária comemora parentesco com Dilma Rousseff

A eleição da primeira mulher presidente do Brasil foi acompanhada com muita atenção também na Bulgária. Os enviados especiais Marcos Losekann e Sérgio Gilz foram até esse país do Leste Europeu para conhecer as origens da família Rousseff.


Um país europeu comemora a vitória de Dilma Rousseff. O pai de Dilma nasceu na Bulgária e a nova presidente do Brasil mexe com o orgulho dos búlgaros.

No país com 15 séculos de história, o orgulho do momento tem nome e sobrenome: Dilma Rousseff. Desde que descobriram o parentesco com a mulher mais poderosa do Brasil, os búlgaros não falam de outra coisa.

Há pelos menos quatro meses, todos os jornais, diariamente, trazem notícias sobre ela. Canais de TV da Bulgária chegaram a enviar repórteres ao Brasil, especialmente para cobrir as eleições. Nas redações, o mapa da Bulgária deu lugar ao mapa brasileiro e o relógio da parede passou a mostrar a hora de Brasília.

“Antes a gente conhecia o Brasil pelo samba, pelo futebol, pelo vôlei. Agora que descobrimos uma ligação sanguínea com a brasileira que vai governar o Brasil, queremos saber mais, muito mais”, explica o editor de assuntos internacionais, Ivan Filtchev.

Todo búlgaro agora sabe quem é Dilma Rousseff: “um motivo de honra para a Bulgária”, afirma um homem. “Um exemplo de fibra e de coragem, características típicas da mulher búlgara”, diz uma senhora.

Para entender melhor de onde vem tanto orgulho, viajamos ao coração da Bulgária, mais precisamente à Gabrovo, terra natal de Pétar Rousseff, o pai de Dilma Rousseff.

A antiga casa da família Rousseff ficava em um terreno no Centro da cidade de Gabrovo, a 200 kms da capital, Sófia. No fim dos anos 1940, depois que a Bulgária se tornou um país comunista, a casa foi demolida e a área passou a pertencer ao estado. Durante muito tempo, o terreno ficou baldio.

Quando a Bulgária voltou a ser um país capitalista, o número de carros aumentou muito de uma hora para outra. Foi assim que prefeitura decidiu transformar o terreno em um estacionamento, que serve a uma clínica que fica ao lado.

No museu de Gabrovo encontramos uma foto do que foi a casa da família Rousseff, um sobrado de três andares. A cidade que tem hoje 60 mil habitantes, não passava de um vilarejo em 1929, quando Pétar decidiu tentar a sorte em algum outro canto do mundo.

Nossa equipe encontrou uma mulher que foi casada com um sobrinho de Pétar, ou seja, um primo de Dilma Rousseff. Ela mostra a árvore genealógica da família e explica que há controvérsias sobre os motivos que levaram o tio a partir.

Uma das hipóteses seriam desentendimentos com o velho partido comunista, que naquela época já dominava a oposição e pregava a destituição da monarquia na Bulgária. Segundo outra versão, Pétar estava com dificuldades financeiras e foi em busca de novas oportunidades.

“Acho que os dois motivos contribuíram para a decisão dele”, diz Toshka Kovacheva.

Pétar deixou para trás a ex-mulher, na época grávida de sete meses. No Brasil, o nome búlgaro foi aportuguesado e virou Pedro. Ele casou com a professora mineira, Dilma Jane. O casal teve um menino e duas meninas, entre elas, Dilma.

Quem guarda as fotos com carinho é a prima de Dilma, Tzanka Kamenova. Ela conta que o tio só escreveu depois de 18 anos longe da bulgária. Falou dos filhos que teve no Brasil e contou que tinha se tornado um bem-sucedido empresário.

“Ele sonhava em levar para o Brasil o filho que deixou na barriga da mãe”, diz Tzanka. O nome desse irmão de Dilma Rousseff, por parte de pai, era Luben. Infelizmente durante o regime comunista, por mais que quisesse, Luben dificilmente conseguiria sair do país. Pétar acabou morrendo em 1973, sem realizar o sonho de reunir a família.

Nossa equipe localizou o prédio onde o Luben morava, no Centro de Sófia. Ele morreu em 2007, mas no interfone ainda consta seu nome. Um sobrinho teria herdado o apartamento.

Era para lá que Dilma Roussef mandava cartas. O irmão Luben lia e respondia com a ajuda do tradutor Roumen Stoyanov. Ele conta que, em um dos envelopes enviados por DiIma, um anos antes da morte de Luben, havia um maço de dinheiro.

“Ela fez um gesto muito bonito, de irmã para irmão. Ele não vivia na penúria, mas tinha uma existência digna para os padrões de vida que os búlgaros têm atualmente. Não era rico”, conta.

“Ele tinha um amor de irmão para irmã, no sentido de que se sentia orgulhoso e compartilhava os conceitos políticos da Dilma. Não tinha os conceitos políticos contrários aos da irmã”, afirma.

Durante a campanha, Dilma Rousseff prometeu várias vezes que uma de suas primeiras viagens internacionais como presidente do Brasil seria à Bulgária. O presidente búlgaro, Georgi Parvanov, que já foi ao Brasil em 2005, espera que ela cumpra a promessa.

“Não tenho dúvida de as nossas relações diplomáticas, que já são ótimas, vão melhorar ainda mais com uma quase conterrânea na liderança do Brasil”, afirma o presidente.

Os parentes de Dilma, os fãs anônimos, todos também sonham. Não veem a hora de conhecer a ilustre filha de um búlgaro que virou brasileiro e que deixou como herança para seu novo país uma presidente.
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