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Domingo, 21 de julho de 2024

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Marconi Perillo diz à CPI que é vítima de 'injustiça' e alvo de 'crueldade'



O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), se disse "vítima de um grande injustiça" e afirmou não ter "qualquer relação de proximidade" com o bicheiro Carlinhos Cachoeira durante depoimento nesta terça (12) à CPI que apura as relações do contraventor com políticos e empresários.

Acompanhado do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Perillo chegou à sala da CPI às 9h50, 25 minutos do horário marcado para o início do depoimento. Ao entrar na sala em meio a um tumulto, Perillo recebeu gritos de apoio, mas também ouviu o coro de "Fora, Marconi", entoado por manifestantes. A previsão era de que o governador desse um depoimento de 20 minutos, mas ele acabou falando por uma hora e 16 minutos, antes de começar a ser inquirido pelos parlamentares da CPI.

Investigação da Polícia Federal apontaram suposta influência de Cachoeira no governo de Goiás. O bicheiro teria relações com auxiliares do governador. Em uma das gravações de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, a PF capturou um telefonema em que Perillo cumprimenta Cachoeira pelo aniversário do contraventor. Há suspeita de que uma casa vendida pelo governador tenha sido comprada indiretamente por Cachoeira, numa transação que teria envolvido auxiliares de Perillo. Em fevereiro, durante a Operação Monte Carlo, a Polícia Federal prendeu Cachoeira nessa casa.

"Não conheço algo parecido no país desde que reconquistamnos a democracia", declarou Perillo, no depoimento à CPI, em referência à suposta perseguição da qual se diz alvo. "Às vezes, não consigo acreditar em tamanha crueldade", afirmou.

Para o governador, "no estado de direito, o ônus da prova real é de quem acusa. A inversão deste princípio caracteriza a injustiça".

Perillo disse que não tem vínculos com Cachoeira e que, durante o governo dele, houve combate à contravenção e apreensão de máquinas caça-níqueis.

"Nunca mantive qualquer relação de proximidade com o sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos", declarou.

Segundo governador, na investigação da Polícia Federal não há registro de nenhum telefonema que ele tenha recebido de Cachoeira. Ele contou que, no telefonema que fez ao bicheiro, estava na casa de um amigo, durante uma reunião social, quando alguém lembrou que era dia do aniversário de Cachoeira e perguntou a ele se não gostaria de cumprimentá-lo. Perillo disse tero hábito de parabenizar as pessoas pelos aniversários.

"Não estava telefonando para o contraventor, mas para o empresário", declarou Perillo, em referência aos negócios de Cachoeira na área da indústria farmacêutica em Goiás.

De acordo com Marconi Perillo, o único encontro formal entre ele e Carlinhos Cachoeira se deu na sede do governo. "Ocorreu no Palácio das Esmeraldas, em audiência, como empresário, formalmente solicitada para tratar de assuntos da Vitapan (empresa farmacêutica)."

Perillo negou as acusações de que o grupo de Cachoeira teria entregue dinheiro no palácio, sede do governo de Goiás. "Jamais alguém entregou qualquer quantia de dinheiro no Palácio das Esmeraldas", declarou.

Auxiliares exonerados
Perillo comentou sobre a sua ex-chefe de gabinete, que pediu exoneração após divulgação de áudios que apontavam que ela recebia informações privilegiadas sobre operações policiais cujo alvo seria o grupo de Cachoeira.

"A sra. Eliane Pinheiro era encarregada dos assuntos partidários. Trabalhou durante 20 anos em vários governos, inclusive no meu. Ela trabalhava atendendo aos partidos e aos parlamentares, em sala distante da minha. Nunca pediu pra favorecer nada a nenhuma pessoa ligada aos investigados. Ela saiu do meu governo por se sentir contrangida. Eu não sabia das relações dela com o Cachoeira", declarou.

Sobre o presidente do Departamento de Trânsito em Goiás (Detran-GO), Edivaldo Cardoso, que pediu exoneração após denúncia de elo com Cachoeira, Perillo afirmou que nunca recebeu pedidos do auxiliar.

"Edvaldo nunca me apresentou qualquer pedido de interesses de outra pesosa. A única conversa que teve comigo sobre o Cachoeira foi quando me convidou para um jantar em sua residência e disse que entre os convidados estaria o sr. Carlos Augusto Ramos. Nesse contato informal, ouvi do convidado propostas de isenção fiscal (relativa ao laboratório)", afirmou.

Venda da casa
Ao mencionar a venda da casa na qual Cachoeira foi preso pela Polícia Federal em fevereiro, o governador entregou papeis aos membros da CPI com cópias da escritura do imóvel, dos três cheques que diz ter recebido pelo pagamento da casa e de extratos bancários.

"Se eu soubesse que a venda dessa casa geraria tanto desconforto, eu continuaria a morar nela, jamais pensaria em vendê-la", disse.

Segundo Perillo, o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez fez uma oferta pela casa, e o preço combinado foi de R$ 1,4 milhão em três parcelas, pagas em cheques em março, abril e maio.

De acordo com o governador, Garcez desistiu da compra da casa porque não conseguiu obter dinheiro suficiente para adquirí-la e, por isso, repassou o negócio para o empresário Walter Paulo - à CPI, Walter Paulo disse que pagou em dinheiro pela casa a Garcez e a Lúcio Fiúza, ex-assessor de Perillo.

"O meu representante não recebeu qualquer valor. Eu já havia recebido três cheques. Faço aqui um registro. Não vendi qualquer bem do estado, mas um imóvel de minha propriedade particular. [...] Quero deixar aqui avaliações que foram feitas sobre o valor do imóvel. Depositei o pagamento em minha conta bancária. Escriturei pelo valor real e declarei tudo no imposto de renda. Se houvesse qualquer elemento fraudulento, não teria publicado anúncio de venda no jornal", declarou.
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