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Domingo, 21 de julho de 2024

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Desembargador diz estranhar decisão para prender auxiliares de Cachoeira

Desembargador diz estranhar decisão para prender auxiliares de Cachoeira
Relator da Operação Monte Carlo no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), o desembargador Tourinho Neto afirmou ao G1, nesta quarta-feira (4), ter "estranhado" a decisão do colega de Corte Antônio Souza Prudente que revogou habeas corpus concedido por ele a três suspeitos de integrar a organização criminosa do bicheiro Carlinhos Cachoeira.


Na noite da última sexta-feira (29), o desembargador Souza Prudente, da Corte Especial do TRF-1, acatou mandado de segurança do Ministério Público Federal (MPF) que questionava a resolução de Tourinho e determinou que Wladimir Garcez, ex-vereador de Goiânia, Lenine de Araújo Souza, suposto contador do esquema do contraventor goiano, e Olímpio de Queiroga Neto, apontado como sócio de Cachoeira, voltassem para a prisão. O trio estava em liberdade desde a segunda semana de junho.

Quando determinou a soltura, Tourinho Neto disse no parecer que a "organização" de Cachoeira teria sido desfeita após a Operação Monte Carlo. "Atualmente, o quadro é outro. A poeira assentou", escreveu à época.

A Polícia Federal (PF) tentou cumprir os mandados de prisão na manhã de sábado, em Anápolis e Goiânia, mas só conseguiu deter Garcez e Lenine. Queiroga Neto não foi encontrado pelos agentes federais e é considerado foragido da Justiça.

Na visão de Tourinho Neto, o desembargador do TRF-1 teria atropelado o rito processual ao expedir o mandado de segurança. Segundo o relator da Monte Carlo na Corte, antes de recorrer ao dispositivo jurídico, os procuradores da República deveriam ter submetido um agravo regimental (recurso contra o despacho de um magistrado). O instrumento é usado quando a decisão de um juiz nega um recurso apresentado.

"Ele (Prudente) não tinha de acolher o mandado de segurança. Se tinha agravo regimental ou outro recurso, não cabia mandado de segurança. Ele chegou e aceitou", reclamou Tourinho.

O relator do processo que investiga o esquema ilegal de exploração de jogos ilegais em Goiás enfatizou ainda que a iniciativa do MPF teria sido uma manobra para evitar que ele voltasse a analisar o caso. Para Tourinho, o uso do mandado de segurança teria possibilitado que o pedido fosse distribuído a outro magistrado.

"Os procuradores sabiam que o agravo regimental seria distribuído para mim. Queriam fugir de mim. Estranhei as duas medidas (do MPF e de Prudente)", disparou o desembargador.

Há 11 anos no TRF-1, Souza Prudente preferiu não se manifestar sobre as declarações do colega de tribunal. Por meio da assessoria de imprensa da Corte, o magistrado ressaltou que evitaria comentar o assunto em razão de o processo ser sigiloso.

A decisão de Prudente será avaliada pela Corte Especial do TRF-1, que poderá manter a prisão dos acusados ou determinar sua libertação. Ainda não há uma previsão de quando o mandado de segurança entrará na pauta do colegiado.

Habeas corpus
A decisão de Tourinho Neto revogada na última sexta pelo desembargador da Corte Especial do TRF-1 havia favorecido o bicheiro Carlinhos Cachoeira indiretamente. Após a libertação de Queiroga Neto, em 13 de junho, os advogados do contraventor goiano, que é alvo de uma CPI no Congresso Nacional, pediram a extensão do benefício para seu cliente e Tourinho Neto concedeu. O dispositivo também acabou estendido para Lenine de Araújo Santos e Wladimir Garcez.

A ordem judicial que ordenou a soltura de Cachoeira e três suspeitos de integrarem sua quadrilha foi a terceira de Tourinho Neto favorável ao bicheiro. Em maio, ele havia suspendido o bloqueio de bens de empresa ligada ao contraventor. Depois, suspendeu audiências para depoimento do suposto líder da organização criminosa na Justiça de Goiânia.
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