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Domingo, 21 de julho de 2024

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Parlamentares criticam decisão do Paraguai de suspender energia

Parlamentares criticaram nesta quinta-feira (9) a decisão do presidente do Paraguai, Frederico Franco, de suspender a venda ao Brasil e à Argentina da energia excedente das hidrelétricas de Itaipu e Yacyretá, respectivamente. O Paraguai é sócio do Brasil na usina de Itaipu, e da Argentina na usina de Yacyretá.


Por ter baixo consumo de energia, o governo paraguaio vende aos sócios grande parte do que lhe cabe na produção das duas hidrelétricas. Para o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto,o presidente do Paraguai está “blefando”. “Não é para valer. Creio que o bom senso vai prevalecer. Acho que é mais blefe”, disse.

O petista argumentou que o Paraguai não tem “condições econômicas” de utilizar a energia nem de abrir mão do preço pago por ela pelo Brasil. “O Paraguai vai abrir mão desse recurso? Eles não usam essa energia. A energia vai embora. O Paraguai não tem condição econômica de abrir mão. De política eu não vou comentar porque ele não foi eleito pelo povo.”

O senador Fernando Collor (PTB-AL), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, qualificou a declaração do presidente do Paraguai como "infeliz".

“Acredito que essa declaração não tenha passado de uma declaração infeliz, mas pedi que qualquer afirmação oficial neste sentido seja comunicada a essa comissão”, disse.

Franco assumou a Presidência do Paraguai em junho, após o impeachment de Fernando Lugo. Ele era vice-presidente do país no governo do antecessor. O Brasil e demais membros do Mercosul suspenderam a participação do Paraguai no bloco regional por considerarem que a destituição de Lugo, num processo que durou apenas 36 horas, ameaçou a democracia no país.

Suspensão
O anúncio de que o Paraguai não “cederia” mais energia ao Brasil foi feito nesta terça por Frederico Franco em discurso publicado no site do governo paraguaio. Não estamos dispostos a seguir cedendo nossa energia. E prestem bem atenção que uso a palavra ceder. Porque o que estamos fazendo é ceder ao Brasil e à Argentina, nem sequer estamos vendendo", ele.

O Ministério de Relações Exteriores brasileiro, por meio de sua assessoria, esclarece que o Brasil compra do Paraguai apenas o excedente da energia produzida pela usina. Devido a falta de linhas de transmissão, o país vizinho utiliza somente 7% daquilo a que tem direito, que é metade de toda a energia de Itaipu.

Ainda de acordo com o Itamaraty, o preço pago pelo Brasil neste excedente foi triplicado durante o governo do ex-presidente Lugo. Além disso, o Paraguai tem dívidas com o Brasil devido à construção da usina, dívida que seria paga – segundo o tratado – paulatinamente por meio da venda de energia para o Brasil.

O ministério informa ainda que o país vem incentivando o Paraguai a usufruir melhor da energia da usina e que ajudou no financiamento, por exemplo, de uma nova linha de transmissão.

Segundo Franco, o objetivo da medida é estimular o consumo da energia pelo próprio Paraguai. "Devemos procurar trazer o que é nosso de Itaipu e Yacyretá, criar fontes de trabalho para evitar mais migrações. Para isso, a única alternativa é criar condições de segurança para poder industrializar o país", disse ele, que assumiu a presidência do Paraguai há pouco mais de um mês, substituindo o destituído Fernando Lugo.

O Ministério das Relações Exteriores brasileiro, por meio de seu porta-voz, Tovar Nunes, afirmou que Brasil e Paraguai são cogestores de Itaipu e que o diálogo em relação à usina “é muito bom, direto e fluido”. O Itamaraty não comentou as declarações de Federico Franco, mas negou que sua posse à frente do Paraguai afete as negociações com Itaipu.

“Mesmo com todas as oscilações, nunca se deixou de produzir conjuntamente nenhum quilowatt de energia. É um relacionamento histórico, muito fluido, muito bom. Há um grande entendimento, por isso vamos continuar com esse espírito do acordo, que é dos anos 70”, informou o porta-voz.
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