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Sábado, 20 de julho de 2024

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Vereadores de SP gastam com combustível R$ 1,5 milhão em 4 anos

Os vereadores que integraram a Câmara Municipal de São Paulo entre 2009 e 2012 gastaram R$ 28,7 milhões de verba destinada às despesas de gabinete. Desse montante, R$ 1,5 milhão foi gasto com combustível, o que permitiria comprar 604 mil litros de gasolina em São Paulo ao longo dos últimos quatro anos. Se o veículo abastecido fosse um Uno Mille, seria possível dar 191 voltas na Terra, segundo estimativas.


Os gastos totais de gabinete de cada vereador e o valor utilizado especificamente com abastecimento foram tabulados pelo G1 a partir de dados publicados no site da Câmara. Pela lei, os vereadores têm direito a R$ 17.285,50 para o custeio de despesas, mas eles só receberam esse dinheiro quando efetivamente comprovaram os gastos com notas fiscais (veja abaixo os que mais gastaram).

A vereadora Noemi Nonato (PSB) gastou R$ 719,7 mil entre janeiro de 2009 e outubro de 2012 e ficou no topo da lista entre os ocupantes do legislativo municipal. Procurada pelo G1, a vereadora Noemi não se manifestou sobre os gastos. A Câmara é composta por 55 vereadores, mas compor o ranking de quem gastou mais a equipe de reportagem considerou apenas os 46 vereadores que cumpriram os quatro anos do mandato.

Já no quesito despesa com combustível, Toninho Paiva (PR) foi o primeiro colocado gastando R$ 83,6 mil. Uma divisão pelo número de dias desses quatro anos mostra que o vereador abasteceu R$ 59,74 por dia. Considerando o preço médio da gasolina em R$ 2,61 registrado em dezembro em São Paulo, seria possível percorrer 291 km, quase o mesmo que uma viagem de ida e volta entre São Paulo e Taubaté.

Os números são ainda maiores se descontados os dois meses de recesso que a Câmara costuma ter por ano, além de sábados, domingos e feriados. Nessa situação, Paiva abasteceu R$ 104,43 por "dia útil".

As despesas de Paiva ficaram dentro dos R$ 17,2 mil por mês disponibilizados pela Câmara. Ele se mostrou surpreso ao saber que acumulou o maior gasto com combustível entre os vereadores. "Não teve gente que gastou mais do que eu?", questionou.

"Vou tentar ver depois isso daí, então o motorista está me embrulhando? (...) Precisa ver quantos quilômetros ele rodou", disse. Paiva afirma que visita com frequência bairros da periferia e que trabalha também aos finais de semana. Apesar de afirmar que iria rever os dados com combustível, ele ressaltou que os gastos estão dentro do limite impostos pela Câmara.

Atrás de Paiva aparece outro vereador do PR, Agnaldo Timóteo, que gastou R$ 59,2 mil. Isso representou R$ 42,30 por dia. Timóteo não se manifestou sobre os custos. Ele não foi reeleito.

Em terceiro lugar ficou a vereadora Juliana Cardoso, do PT, com R$ 36,50 por dia, ou R$ 63,80, se retirados da conta meses de recesso, finais de semana e feriados. Sua assessoria afirmou que Juliana trabalha também aos finais de semana junto a comunidades no extremo leste, bairro da região sul e noroeste e que visita unidades de saúde como representante da Comissão de Saúde.

Não tiveram gasto com combustível os vereadores José Police Neto (PSD), que costuma ir à Câmara de bicicleta, Carlos Apolinário (PMDB), Celso Jatene (PTB) e Juscelino (PSB). Curiosamente, este último foi tema de polêmica envolvendo um funcionário seu que era registrado como garagista. Seu salário de R$ 23 mil chamou a atenção logo após a Câmara divulgar os vencimentos dos funcionários em seu site, em 2011. Os dados foram corrigidos, e o funcionário passou a ser considerado assessor parlamentar com salário de R$ 7,2 mil.

Gasto total
Se o PR ocupou os dois primeiros lugares do ranking no quesito combustível, o PSB também ocupou os dois primeiros postos se considerados os gastos totais (além de combustível, correios, telefone etc). Atrás da vereadora Noemi Nonato ficou Eliseu Gabriel, que gastou R$ 710,7 mil ao longo do mandato.

O vereador Eliseu Gabriel disse que ficou dentro do limite de gastos mensais de R$ 17,2 mil. Ele afirmou por meio de sua assessoria que fez um mandato político "transparente" e que promoveu discussões na Câmara sobre temas ligados à educação, o que exigiu a confecção de material para esclarecimento. Tanto Eliseu como Noemi foram reeleitos.

O vereador Carlos Apolinário (PMDB) foi o que menos gastou. Sua despesa foi de R$ 49,6 mil ao longo do mandato.

Além da verba para custos de gabinete, de R$ 17,2 mil, cada vereador dispõe de uma verba para o pagamento mensal pela mão-de-obra dos seus 18 assistentes parlamentares, que hoje é de R$ 106.452,03. O salário do vereador é de R$ 9.288 e vai subir para R$ 15.031,77 em janeiro de 2013.

Juntando todos os gastos, a legislatura de 2009 a 2012 gastou R$ 1,1 bilhão, mais do que a legislatura anterior (2005-2008), cujas despesas chegaram a R$ 798 milhões. Segundo a Câmara, um concurso foi realizado em 2008 e, até maio de 2012, foram contratados 262 novos funcionários de nível médio e superior, o que ajuda a explicar o aumento nos gastos.

Metodologia
Para calcular quanto o dinheiro gasto pelos vereadores se traduz em quilômetros rodados, o G1 considerou diversos índices. O Uno Mille usado na comparação faz 12,7 km por litro na cidade segundo tabela do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia).

O rendimento considerado foi o do veículo na cidade, e não na estrada, já que o vereador normalmente se desloca nos limites do município. O valor da gasolina utilizado, R$ 2,61 por litro, foi o preço médio apontado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para a segunda semana de dezembro na cidade de São Paulo. Já a circunferência da Terra possui 40.075 km, segundo especialistas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

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