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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Comissão da Verdade faz exumação que pode ser de líder camponês

Foto: Priscilla Mendes

Comissão da Verdade faz exumação que pode ser de líder camponês
A Comissão Nacional da Verdade começou nesta terça-feira (24) a coordenar a exumação dos restos mortais que podem ser do líder camponês Epaminondas Gomes de Oliveira, morto na década de 70 sob custódia do Exército. A comissão apura violações aos direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar.


O grupo descobriu documentos que mostram o local onde o corpo de Epaminondas foi sepultado, informação desconhecida até então pelos familiares. Segundo a Comissão da Verdade, os restos mortais do camponês estão no cemitério Campo da Esperança, em Brasília. Os trabalhos para retirar os restos mortais da terra começaram nesta manhã e poderão se estender até quarta-feira (25), de acordo com a Polícia Civil.

Epaminondas, membro do Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT) e do Partido Comunista, foi morto em 20 de agosto de 1971, aos 68 anos, sob custódia do Exército. Ele havia sido preso dias antes em um garimpo na cidade de Ipixuna do Pará em decorrência de uma operação do Exército para prender lideranças políticas da oposição na região, segundo informações da Comissão da Verdade.

Há registros de que Epaminondas passou pelos municípios de Jacundá (PA) e Imperatriz (MA), até ser levado a Brasília. A certidão de óbito do camponês indica que ele morreu no Hospital da Guarnição Militar, na capital federal, de anemia e desnutrição. A família, contudo, não acredita nessa versão.

“Uma pessoa que estava presente com ele contou que ele foi torturado até a morte”, disse o neto do camponês, Epaminondas Neto. “O atentado de óbito nunca convenceu a família. A gente sabia que ele foi espancado em Imperatriz”.

Com a exumação, a família espera a revelação de vestígios que mostrem eventuais marcas de tortura. “Queremos esclarecer, ver de que forma é possível identificar marcas de tortura, esclarecer essa verdade. A gente quer saber a verdade porque se comprovar que os restos mortais realmente são do meu avo, vamos fazer o sepultamento junto com a minha vó”, disse Epaminondas Neto, presente no Cemitério Campo da Paz durante a escavação.

Um dos peritos que trabalham no caso disse que a ossada será examinada minuciosamente à procura de eventuais traumatismos ou enfermidades. Serão realizados exames antropológico, toxicológico e de DNA, de acordo com o perito médico legista da Polícia Civil do Distrito Federal, Aloízio Trindade Filho. O resultado do trabalho só deverá ser apresentado em dois ou três meses.

“Toda a terra que está em volta dos ossos também terá que ser examinada porque eventualmente se a pessoa morreu por disparo de arma de fogo esse projétil pode estar lá na terra. Então será passado detector de metal e toda terra será peneirada a procura de outros elementos, como dentes, projéteis”, explicou o perito.
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