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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Manifestantes vaiam Dilma durante prêmio sobre Direitos Humanos

A presidente Dilma Rousseff recebeu vaias nesta quinta-feira (12) ao discursar em entrega de premiação de Direitos Humanos, em Brasília. Durante o evento, organizado pelo governo federal, manifestantes, alguns com os rostos cobertos, protestavam contra a violência policial e pediram o fim da militarização da polícia, enquanto outros reivindicavam agilidade na demarcação de terras indígenas.

"Chega de alegria, a polícia mata pobre todo dia!" e "Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da política militar" gritavam cerca de 40 manifestantes enquanto Dilma falava ao microfone.
Quando o discurso de Dilma começou, o grupo, inicialmente dividido em dois, se uniu mais à frente, num canto perto do palco. Nesse momento, chamaram a presidente de "genocida" e "ruralista". Dilma seguiu lendo seu discurso, sem interrupções, e sem responder aos gritos.
Mais para o final da fala da presidente, o grupo mais próximo ao palco começou a puxar gritos a favor de Dilma. "Olê, olê, olê, olá, Dilma, Dilma", gritavam. Os gritos dos manifestantes se intensificaram, mas foram abafados pelos apoiadores da presidente.
Nesse momento, também, os ministros e autoridades que estavam no palco se levantaram para aplaudir a presidente, que ainda discursava. Ela seguiu falando, indiferente às manifestações pró e contra.
O G1 contou pelo menos quatro manifestantes com os rostos cobertos. Havia, junto a eles, um grupo de índios, com cartazes pela demarcação de terras indígenas. A maioria se recusava a falar com a imprensa, e uma manifestante, que não quis se identificar, disse: "Estão matando o povo com a caneta. São ladrões que não vão presos".
Discursos
A presidente participava da entrega do 19ª Edição do Prêmio de Direitos Humanos, organizado pelo governo brasileiro. Ele premia pessoas e entidades dedicadas na defesa e promoção dos direitos humanos.
Antes de Dilma, discursou Débora Maria da Silva, que foi agraciada como representante do Movimento Mães de Maio, que reivindica punição a policiais e reparação pela morte de jovens em 2006, após uma onda de ataques de uma facção criminosa em São Paulo.
É inaceitável que a polícia vem e o Estado mata nossos filhos! E é como se enterrasse junto com a mãe como eu!!!"
Débora Maria da Silva,
Movimento Mães de Maio
Em sua fala, ela fez um apelo em favor das mães que perderam os filhos. "É inaceitável que a polícia vem e o Estado mata nossos filhos! E é como se enterrasse junto com a mãe como eu!!!", bradou.
"Não é uma mera coincidência eu receber esse troféu que não é nosso, mas de todas as vítimas do Estado brasileiro, da mão do ministro da Justiça. Essa justiça que não aparece para nós, pobres, negros, periféricos", afirmou Débora Maria da Silva.
Em sua vez de discursar, Dilma primeiro lembrou dos que lutaram contra a ditadura militar, falou das realizações do governo no combate à miséria, na ampliação da moradia, na educação e na saúde, além de políticas específicas para pessoas com deficiência, comunidade LGBT e população negra, quando foi aplaudida.
Eu que experimentei a tortura sei o que ela significa, de desrespeito a mais elementar condição de humanidade de uma pessoa"
Dilma Rousseff
Ao final do discurso, se concentrou na mortalidade e tortura de jovens, quando se avolumaram as vaias. "Vamos juntos superar esse cenário de mortalidade da juventude. Porque a história de um grande país não se faz com uma jventude sendo objeto de violência, se faz com a juventiude viva", afirmou.
Após lembrar que instalou a Comissão da Verdade, para relatar as violações aos diretos humanos durante a ditadura, a presidente disse que o governo está "preocupado" em cumprir a Constituição para por fim a tortura e tratamento degradante ou desumano.
"É necessário reconhecer que a tortura continua existindo em nosso país. Eu que experimentei a tortura sei o que ela significa, de desrespeito a mais elementar condição de humanidade de uma pessoa", afirmou. Ela acrescentou que o o governo regulamentou lei que instituiu o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.
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