Manifestantes ligados aos militares provocaram um tumulto no plenário Ulysses Guimarães da Câmara Federal onde ocorre nesta terça-feira (1.4) uma sessão solene para lembrar a passagem dos 50 anos do Golpe Militar ocorrido em 31 de março de 1964. A sessão é transmitida ao vivo pela TV e Rádio Câmara.
O tumulto ocorreu no momento em que a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) realizava seu pronunciamento. Ela foi interrompida quando manifestantes subiram nas galerias do plenário e estenderam uma faixa com os dizeres: "Parabéns Militares - 31 / março/ 1964. Graças a vocês o Brasil não é Cuba”.
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Após estenderem a faixa, começaram a gritar palavras de ordem. O protesto gerou manifestações ferozes no plenário por parte de parlamentares e ativistas, que em coro começaram a chamar os manifestantes de assassinos.
A faixa em apoio aos militares é a mesma que esteve exposta desde ontem em frente aos prédios da Forças Armadas em Brasília e que teve como principal apoiador o deputado federal Jair Bolsonaro (PR-RJ).
Uma manifestante muito exaltada precisou ser retirada do plenário da Câmara. Após a situação ter ficado sob controle a deputada Erundona pôde finalizar seu discurso.
O objetivo da solenidade foi marcar a presença da Casa no resgate histórico daquele período, por meio da reafirmação da democracia e de homenagens aos que resistiram ao autoritarismo, como lembra a deputada Luiza Erundina. "O Congresso foi diretamente afetado, atingido pelo regime de exceção. O Congresso Nacional foi fechado três vezes. A Câmara dos Deputados teve 173 parlamentares cassados. [O então deputado] Rubem Paiva ainda hoje está desaparecido e o seu destino [é desconhecido], embora haja fortes indícios de ele ter sido assassinado nos porões da ditadura. Então, isso explica a necessidade, a importância e o simbolismo dessas manifestações que estamos a promover no País inteiro durante este ano."