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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Documentos indicam pagamento de propina à Petrobras, aponta revista

Documentos apreendidos pela Polícia Federal mostram depósitos na conta de uma empresa do doleiro Alberto Youssef feitos por empresas com contratos com a Petrobras. As negociações teriam a participação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto.


O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa está preso desde o dia 20 de março. De acordo com a Policia Federal, Paulo Roberto tentou destruir provas da operação Lava-jato, que apura um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões em quatro anos. Nem todos os documentos foram destruídos.

A revista ‘Época’ obteve cópia de parte deles e também teve acesso a laudos feitos pela polícia. A reportagem diz que os documentos revelam como se dava o pagamento de propina na estatal: “Operações eram meticulosamente registradas, com detalhes técnicos, valores, nomes de lobistas e empresários que participavam do esquema”.

Uma planilha mostra nomes de empreiteiras que, diz ‘Época’, têm contratos com a Petrobras e que seriam suspeitas, segundo a polícia, de terem depositado dinheiro na conta da MO Consultoria. A MO Consultoria, aponta a investigação da PF, é uma empresa de fachada do doleiro Alberto Youssef, também preso na operação Lava-jato. Pelo caixa da empresa passaria o dinheiro da propina que saía dos contratos da Petrobras e também seria distribuída a políticos.

Esses pagamentos, de acordo com a reportagem, foram feitos enquanto Paulo Roberto Costa ainda era diretor da Petrobras, celebrando ou renegociando contratos da estatal com algumas dessas empreiteiras. Parte das transferências milionárias, suspeita a PF, foram foi pela Sanko Sider, OAS, Galvão Engenharia SA e Jaraguá Equipamentos.

O jornal ‘Folha de S. Paulo’ em reportagem também publicada neste sábado (5), detalha essas transações. Ao todo, R$ 34,7 milhões foram depositados por nove fornecedores da Petrobras na conta da MO Consultoria, de Alberto Youssef. Os maiores pagamentos foram feitos por duas empresas do grupo Sanko, quase R$ 26 milhões.

Outro documento, segundo ‘Época’, mostra que parte do dinheiro ia para o exterior. Neste relatório, de acordo com a polícia, Alberto Youssef faz uma prestação de contas a Paulo Roberto de propinas depositadas em bancos estrangeiros.

Ainda de acordo com a reportagem, a Polícia Federal investiga empresas abertas por Alberto Youssef em paraísos fiscais para que Paulo Roberto recebesse dinheiro de multinacionais mesmo depois de ter saído da Petrobras, em 2012. Esses pagamentos seriam referentes a contratos ainda em vigor.

A reportagem afirma ainda que, quando algum fornecedor atrasava o pagamento da propina, "Beto", que para a polícia seria Alberto Youssef, reclamava para Paulo Roberto. Em um caso citado pela revista, “Beto” chegou a usar o termo “inadimplente” para uma empresa que atrasou um pagamento.

Mas na lista, que a TV Globo também teve acesso, aparecem outras empresas contratadas para trabalhar na obra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco: Rnest, Jaraguá Equipamentos, Galvão Engenharia e OAS.

Um laudo da PF mostra ainda que, pela empresa de Youssef, passaram mais de R$ 90 milhões entre 2009 e 2013.
A Petrobras não quis comentar as denúncias. Em nota, o consórcio RNest disse que pagou à empresa MO por serviços de consultoria e que não tem relacionamento com o doleiro Alberto Youssef.

Também em nota, a Sanko Sider declarou que todo trabalho de vendas da empresa é terceirizado e que uma das empresas que prestaram este serviço é de Alberto Youssef. A Sanko Sider disse ainda que não está sendo investigada, mas que tem colaborado com as autoridades.

A empresa OAS não quis se pronunciar. As outras empresa, Jaraguá Equipamentos e Galvão Engenharia, não foram localizadas para comentar.

O advogado de Alberto Youssef foi procurado pelo Jornal Nacional, mas não retornou as ligações.
Já o advogado de Paulo Roberto, Fernando Fernandes, afirmou que seu cliente apenas prestou um serviço de consultoria para o doleiro Alberto Youssef e recebeu R$ 250 mil como pagamento.

Fernando Fernandes disse ainda que o nome de Paulo Roberto não aparece na lista de empresas que teriam depositado propina na conta da MO, apreendida pela Polícia Federal. “O Paulo não participou de qualquer esquema tendo cobrado qualquer comissão, seja para ele ou qualquer partido político. Foi um funcionário de 35 anos da Petrobras que se aposentou há quase dois anos e fez uma carreira exemplar na empresa”, diz Fernandes.
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