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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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“Não vamos rolar na sarjeta”, diz vice de Aécio sobre ataques do PT

A 13 dias da eleição, o senador e candidato à vice-presidente da República na chapa do PSDB, Aloysio Nunes, recebeu a reportagem do R7 no comitê tucano, em São Paulo, e falou, entre outros assuntos, sobre a adesão de Marina Silva à campanha e a estratégia para superar a diferença de mais de 10 milhões de votos que Dilma Rousseff (PT) teve de vantagem sobre Aécio Neves no primeiro turno.


O tucano acredita que a transferência dos votos de Marina, somada ao desgaste da imagem de Dilma por conta de escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras, será suficiente para Aécio inverter o jogo e colocar o PSDB de volta no Palácio do Planalto depois de 12 anos.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

R7: No último domingo (12), a ex-senadora Marina Silva finalmente declarou apoio à candidatura de Aécio Neves. O isso que acrescenta para a campanha do PSDB?

Aloysio Nunes: Marina teve mais de 20 milhões de votos e é uma personagem muito importante da política brasileira. [Sua presença] Vai nos ajudar na transferência de votos dela para o Aécio e representa peso e respaldo político. Já houve uma tendência dessa transferência de votos após o primeiro turno e o apoio dela vai incrementar isso. E acrescenta ao Aécio esse aspecto de uma candidatura ampla, unitária, das pessoas que querem mudança.

R7: Que papel vocês esperam que ela desempenhe?

Nunes: Isso não foi conversado até então. Mas ela já apareceu no programa de TV do Aécio com uma declaração enfática, politicamente forte. Agora, o que vai fazer depende dela, do temperamento e da disposição dela. Marina já disse que não quer apenas votar, mas apoiar o Aécio. Agora, ela fará de acordo com aquilo que considera que seja mais eficaz.

R7: No primeiro turno, Aécio criticou muito Marina por conta de sua ligação histórica com o PT e ela também atacou o PSDB. Esse apoio agora não pode caracterizar aquele adesismo eleitoral que vem sendo tão criticado nessa campanha?

Nunes: Não. Porque ficou muito claro, na maneira como ela declarou apoio e durante todo esse processo que mediou entre o primeiro turno e o dia de ontem, que não houve nenhuma troca por participação em governo, nenhum acordo de divisão de espaços políticos. A declaração dela foi com base num pronunciamento que Aécio fez no qual enfatiza itens do seu programa e adota alguns itens do programa dela como uma plataforma de unidade.

R7: Houve muita discussão por conta da exigência de Marina com o compromisso do fim da reeleição. E a posição de Aécio ficou dúbia...

Nunes: Dúbia por quê?

R7: Porque Marina dizia que teria um compromisso pessoal de não se candidatar a um novo mandato. E Aécio não deixou isso claro.

Nunes: Isso está no nosso programa. Não tem dubiedade nenhuma. O que Aécio propõe é o fim da reeleição em todos os níveis: federal, estadual e municipal. Isso depende de uma mudança constitucional. É o que ele disse. E não vamos dizer mais nada além disso.

R7: Mas a regra valeria já para 2018?

Nunes: O que ele propôs é a mudança constitucional. No mais, se vai concorrer a um segundo mandato ou não, isso sequer foi cogitado. Ele afirmou com todas as letras que vai propor o fim da reeleição. Não há tergiversação nenhuma. Seria de uma arrogância absurda dizer que não será candidato à reeleição antes de ser eleito.

R7: Outro ponto que ela exigia, mas depois voltou atrás, foi a redução da maioridade penal, que inclusive é um projeto do senhor.

Nunes: Ela não colocou nada como irrevogável. A quantidade de desinformação a respeito desse assunto é tremenda. Em nenhum momento Marina colocou condições irrevogáveis. O que houve foi que Pedro Ivo, um dirigente da Rede, divulgou uma carta dizendo que determinadas questões são fundamentais. Mas são para a Rede Sustentabilidade, que quando se constituir como um partido político vai lutar para implementá-las. É algo próprio do programa da Rede, e não uma plataforma de unificação de forças.

R7: No documento divulgado  por Aécio no último sábado (11), consta a proposta de ampliar os canais pelos quais os cidadãos poderão “expressar seus pontos de vista e cooperar na deliberação dos grandes temas nacionais ou de interesse local”. E cita como exemplo os conselhos populares. Qual a diferença disso para os conselhos da participação popular propostos pelo PT que foram tão combatidos pela oposição?

Nunes: Os conselhos existem desde os tempos de Getúlio Vargas, não é uma novidade criada pelo Gilberto Carvalho [Secretário-Geral da Presidência]. Existem inúmeros conselhos criados por lei na política instituída pela Lei Orgânica de Assistência Social. São conselhos estaduais, municipais e o nacional. Então isso não é um carimbo do Gilberto Carvalho. Nós nos opusemos primeiro contra a tentativa expressa de criar órgãos por decreto, isso é inconstitucional. Segundo, à tentativa de dizer num decreto presidencial quem é sociedade civil e quem não é. No fundo, isso é uma forma de manipulação política.

R7: No primeiro turno, o PT atacou Marina fortemente. O que esperam para esses últimos 13 dias de campanha e como estão se preparando para isso?

Nunes: Não vamos nos defender, não vamos rolar na sarjeta. De jeito nenhum. Essas acusações são parte do arsenal costumeiro do PT. Não vamos perder tempo com isso.

R7: Para diminuir a vantagem que Dilma teve no primeiro turno, o que é melhor? Tentar crescer no Nordeste ou buscar ampliar a margem no Sudeste?

Nunes: As duas coisas. Uma não exclui a outra. Sobretudo porque o desejo de mudança não está segmentado. Não há uma muralha da China separando o Nordeste do resto do Brasil como a propaganda do PT pretende fazer acreditar. Existe também no Nordeste um desejo de mudança muito amplo. Há braços para cuidar das duas frentes. Existem lideranças muito fortes do Nordeste apoiando nosso projeto.

R7: Os escândalos de corrupção da Petrobras podem atingir o PT?

Nunes: A imagem da presidente Dilma não é atingida nesse caso porque as pessoas supõem que ela seja corrupta, e eu acho que ela não é mesmo. É mais por conta do desgoverno que isso evidencia. A falta de vigilância e o tipo de acordo político que se fez para conseguir uma maioria, sem levar em conta o histórico de pessoas indicadas ou as credenciais daqueles que indicaram esses nomes. Isso afeta mais a imagem da Dilma enquanto gerente, e não enquanto corrupta. Mas o PT recebe mais uma marca de corrupção no seu histórico.
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