As eleições de 2014 serão lembradas pelo uso da difamação e do terrorismo psicológico como tática contra o adversário.
Na era da informação (e da desinformação) eletrônica, os presidenciáveis se tornaram alvo fácil. A onda de rumores começa geralmente na internet, e se espalha em velocidade supersônica pelo ‘mundo real’.
Desta vez chegou à propaganda eleitoral na TV. Os marqueteiros de Dilma Rousseff e Aécio Neves estabeleceram a chamada guerra suja.
Nela, não basta apontar erros de administração e supostos equívocos de ideologia política. É preciso ir além, ou melhor, mais fundo: atacar a honra, colocar o adversário de joelhos.
O horário nobre da TV foi transformado em uma competição infame: quem golpeia mais baixo? Qual candidato é mais agressivo? Quem tem mais êxito em danificar à imagem do adversário?
As famílias de Dilma e Aécio acabaram envolvidas. Perdeu-se a ética (ou seria o pudor?) de invadir a intimidade alheia com o objetivo de desqualificar o oponente para tirar-lhe votos.
O Tribunal Superior Eleitoral precisou intervir para fazer a baixaria descer a um nível ‘aceitável’: suspendeu trechos mais ofensivos da propaganda dos dois candidatos.
Após a agressividade do debate no SBT na semana passada, o confronto na Record, no domingo, foi quase diplomático.
Os últimos programas do horário eleitoral também ficaram menos belicosos. Críticas e acusações continuam, agora sem apelar à vida privada do rival.
A petista e o tucano foram obrigados a dissecar ideias e detalhar propostas. Quem ganhou foi o eleitor indeciso: deixou de testemunhar um barraco de vizinhos. Pode receber mais conteúdo para comparar um e outro.
A boataria, explícita ou subliminar, continuará por aí, à caça de votos. E até que a última urna eletrônica seja apurada, ninguém estará incólume. Nem Aécio nem Dilma, muito menos o eleitor.