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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Vice-presidente diz que apoia investigações ‘sérias’ da Lava-Jato

BRASÍLIA - O vice-presidente Michel Temer negou, em nota divulgada neste sábado por sua assessoria, conhecer Fernando Soares, o Baiano, e o empresário Júlio Camargo. Segundo o texto, Temer "apoia" as investigações "sérias, profundas e responsáveis" dentro da Operação Lava-Jato. Em um depoimentos que prestou à Procuradoria-Geral da República, quando fez delação premiada, Júlio Camargo disse que "havia comentário de que Fernando Soares era representante do PMDB, principalmente de Renan, Eduardo Cunha, Michel Temer". Ele afirmou ainda que "tinha contato com essas pessoas de "irmandade".

Temer, informou que são "inteiramente falsas" as informações do depoimento do empresário Júlio Camargo.

"Michel Temer não conhece Fernando Soares, nunca teve ou tem com ele qualquer relação ou contato de “irmandade”; também não conhece Júlio Camargo. O vice-presidente incentiva apurações sérias, profundas e responsáveis sobre os fatos. Apenas se insurge contra informações falsas e inverídicas", diz a nota divulgada inclusive na página oficial da Vice-Presidência da República. Para Temer, segundo a nota, a Lava-Jato "contribui para o fortalecimento das relações institucionais brasileiras e da República".

 

 
 
Nos demais depoimentos de Júlio Camargo que foram anexados à denúncia que o Ministério Público enviou ao STF acusando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro não há outras referências a Temer. Camargo detalhou, no entanto, como foi abordado e ameaçado por Cunha, declarações que estão no centro das acusações contra o presidente da Câmara.

DEPOIMENTO FOI DADO EM JUNHO

Foi no dia 10 de junho em um depoimento a quatro procuradores que integram o grupo de trabalho que investiga os políticos com foro no STF que o lobista Júlio Camargo admitiu pela primeira vez ter pago propina ao presidente da Câmara. Para evitar qualquer tipo de vazamento sobre a realização do depoimento, o grupo de trabalho optou por ouvir o delator na sede do Ministério Público Militar do Distrito Federal um prédio que fica distante cerca de quatro quilômetros da Procuradoria-Geral da República, local de despacho do procurador Rodrigo Janot.

O termo que registra as declarações de Camargo nesse dia, de 19 páginas, afirma que o lobista “espontaneamente, manifestou intenção de complementar seus depoimentos prestados no âmbito do acordo de delação premiada”. Ressalta que a complementação é “especificamente em relação a fatos envolvendo autoridades com prerrogativa de foro”. O depoimento iniciou-se à tarde e acabou às 19h10m.

Camargo disse aos procuradores que demorou para falar do envolvimento de Cunha por medo do poder do deputado, alçado à presidência da Câmara, o segundo na linha sucessória da Presidência da República. No dia 10 de junho, o lobista relatou aos procuradores as cobranças feitas por Fernando Soares (conhecido como Fernando Baiano) citando o nome de Cunha, a reunião com o deputado no Rio e o pedido de interferência do então ministro Edison Lobão. Somente em 21 de julho, em depoimento realizado no Rio, revelou que até uma igreja foi usada para pagar propina a Cunha.

Antes de assumir o repasse de recursos ao presidente da Câmara, o lobista já tinha fechado um acordo de delação premiada no ano passado no qual não mencionou nenhum político com foro privilegiado. No dia 19 de março deste ano, quando o doleiro Alberto Youssef já o tinha vinculado a Cunha, Camargo prestou depoimento, e afirmou apenas ter ouvido falar das relações de Baiano com o PMDB.

Não foi apenas o lobista que alterou o depoimento no processo sobre Cunha. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa tinha negado a intermediação do contato entre Camargo e Lobão. Somente em uma acareação, em 21 de junho, o ex-diretor disse ter se lembrado da ligação para Lobão que permitiu ao lobista encontrar o ministro e reclamar da perseguição feita por meio dos requerimentos apresentados na Câmara. O ex-diretor disse que negou o fato em depoimento anterior devido a “cansaço mental”.

No depoimento realizado em 10 de junho Camargo falou de apenas mais um político, o ex-senador Gim Argello (PTB-DF). Afirmou que esteve com ele no ano passado junto com o então presidente da OAS, Léo Pinheiro. Argello era vice-presidente da CPI mista da Petrobras e os três conversaram sobre o andamento dos trabalhos. O petebista, na ocasião, tranquilizou os empresários dizendo que eles não seriam alvo da investigação. Quinze dias depois novamente esteve junto com Pinheiro na casa de Argello e nessa ocasião o senador pediu doação para a campanha eleitoral. O petebista, então, fez questão de ressaltar que “não tinha nada a ver com a CPI”. Camargo registrou no seu depoimento que o dono da UTC, Ricardo Pessoa, não estava presente. Pessoa acusou Argello de pedir doação eleitoral para evitar a sua convocação para a CPI.

– Nenhum desses fatos é verdadeiro — disse Argelo.

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