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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Marcelo Odebrecht diz à CPI da Petrobras que não tem o que 'dedurar'

Marcelo Odebrecht, presidente da holding que administra a empreiteira Odebrecht, ficou calado sobre o processo a que responde na Operação Lava Jato, mas respondeu a algumas perguntas dos deputados da CPI da Petrobras nesta terça-feira (1º). Ele negou a possibilidade de assinar acordo de delação premiada. “Para alguém dedurar ele precisa ter o que dedurar. Isso não ocorre aqui", disse.


"Infelizmente estou engessado. Estou amarrado pela questão do processo penal. Infelizmente, neste momento, os senhores têm que entender, até por respeito à decisão do Supremo Tribunal Federal, que no que tange especificamente ao processo, já que existe um processo criminal em andamento. As nossas defesas vão ser feitas lá na frente. Nesse momento, por essa decisão, a gente fica impedido de falar sobre o processo. Espero que os senhores entendam essa situação”, disse Marcelo Odebrecht. Após 35 minutos, Marcelo Odebrecht foi dispensado pelos deputados.

Os parlamentares estão em Curitiba para ouvir presos investigados pela Operação Lava Jato, que apura um esquema bilionário de fraude, corrupção e desvio de dinheiro da petrolífera e outros órgãos públicos. Marcelo Odebrecht foi o penúltimo a ser chamado pelo deputados.

Ele e quatro ex-executivos da Odebrecht estão presos no Paraná desde junho, quando foi deflagrada a 14ª fase da Operação Lava Jato. “Cada um de nós vai superar esse momento. A cada crise a gente tem que superar. Não é a primeira e não será a última”, afirmou Marcelo Odebrecht

Marcelo Odebrecht também foi questionado sobre se considera fazer uma delação premiada.

“Meu legado tem valores, inclusive morais, dos quais eu nunca abrirei mão. Eu diria que, entre esses valores, eu, desde criança, quando lá em casa minhas meninas tinham uma discussão e uma dizia: quem fez isso? Eu diria o seguinte, eu talvez brigasse mais com quem dedurou do que aquele que fez o fato”, afirmou. “Para alguém dedurar ele precisa ter o que dedurar. Isso não ocorre aqui”.

De acordo com o investigado, ele sempre esteve à disposição para depor. "Inclusive fizemos uma petição ao pessoal de Curitiba para poder prestar esclarecimentos que, provavelmente, se tivessem sido feitos, talvez até evitassem muito provavelmente a prisão nossa e de meus companheiros", disse.

Questionado sobre sua relação com políticos, ele respondeu que é natural. “É provável que se eu encontrar com um amigo, empresário, político, é natural que venha à tona o tema Petrobras. Não me lembro de nenhuma conversa específica”, afirmou.

Os deputados também levantaram a possibilidade de um acordo acordo de leniência - uma espécie de delação premiada, contudo, relacionada à empresa. Marcelo afirmou que não poderia responder.

“Essa questão de leniência, acho que estamos inclusive muito avançados, gostaríamos de contribuir, mas é o tipo de tema que nós gostaríamos de trazer para a nossa defesa nos autos”, disse.

CPI no Paraná
Esta é a segunda vez que a CPI, que investiga fraudes em contratos da Petrobras com empreiteiras se reúne na capital paranaense para ouvir réus e pessoas investigadas no esquema. Na segunda-feira (31), primeiro dia desta segunda passagem por Curitiba, os parlamentares esperavam ouvir outras cinco pessoas, mas todas ficaram caladas.

Para quarta-feira (2), a CPI espera ouvir o publicitário Ricardo Hoffmann, preso na 11ª fase da Lava Jato, que teve como alvo contratos de publicidade firmados entre a Caixa Econômica Federal, o Ministério da Saúde e a agência de publicidade Borghi Lowe. Nesta fase também foram presos três ex-deputados federais – André Vargas, Pedro Corrêa e Luiz Argôlo.

Também foi convocado Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura, lobista preso na 17ª fase – a mesma que prendeu o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Além destes depoimentos, os parlamentares pretendem promover a acareação entre Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, ex-executivo da Toyo Setal, Renato de Souza Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, e João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT).

As suspeitas
A Odebrecht é suspeita de participar do chamado clube das empreiteiras, que se organizavam para fraudar contratos com a Petrobras, de acordo com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal.

Marcelo Odebrecht, presidente da holding que controla a empreiteira, e os demais executivos da empresas foram presos na 14ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em junho deste ano, e que também prendeu pessoas ligadas a empreiteira Andrade e Gutierrez.

Segundo o Ministério Público Federal, as empresas tinham esquema "sofisticado" de corrupção ligada à Petrobras, envolvendo pagamento de propina a diretores da estatal por meio de contas bancárias no exterior.

As denúncias partiram de depoimentos de ex-funcionários da Petrobras, como o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, que firmou um acordo de delação premiada com a Justiça e detalhou o funcionamento do esquema.

Além disso, de acordo com o juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações penais oriundas da Lava Jato na primeira instância, os delegados da Polícia Federal e os procuradores do Ministério Público Federal apresentaram provas documentais significativas da materialidade dos crimes.

Assim como Marcelo Odebrecht, 12 pessoas ligadas à empreiteira já são réus perante a Justiça Federal e respondem por crimes como organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro nacional e internacional.

Destruição de provas
Está suspenso um inquérito da Polícia Federal (PF) aberto para investigar um bilhete escrito por Marcelo Odebrecht para os advogados que continha a mensagem “destruir email sondas”.

Na avaliação da Polícia Federal, o bilhete era uma tentativa de eliminar provas da operação, que investiga um esquema bilionário de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na Petrobras. Os advogados que representam Marcelo Odebrecht, por outro lado, afirmam que o intuito da mensagem era aniquilar o conteúdo, resgatando o histórico.

O bilhete foi visto por carcereiros da Polícia Federal em uma triagem de rotina durante a visita de advogados a Marcelo Odebrecht. Os agentes fizeram uma cópia e entregaram o original aos juristas. Mais tarde, o inquérito foi aberto.

A decisão de suspender o inquérito foi tomada após a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) solicitar pedido de providência por violação de sigilo profissional.
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