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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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PMDB adiou para março reunião que discutiria saída do governo, diz Raupp

O vice-presidente nacional do PMDB, senadorValdir Raupp (RO), afirmou nesta terça-feira (20) ao G1 que o partido decidiu adiar para março de 2016 o congresso nacional extraordinário que faria em novembro deste ano para, entre outras pautas, discutir o eventual rompimento com o governo Dilma Rousseff. A direção peemedebista aproveitará a convenção nacional da legenda, agendada para março, para tratar do assunto.


O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem defendido o fim da aliança com o PT desde que rompeu oficialmente com o Palácio do Planalto, em julho deste ano. Desde então, ele passou a defender abertamente que o PMDB desembarque da gestão petista, entregando os ministérios que comanda atualmente.

Segundo o G1 apurou, caciques do PMDB – incluindo o vice-presidente Michel Temer – avaliaram que, se mantivessem o congresso extraordinário para o dia 15 de novembro, o partido poderia estimular as manifestações de rua contra o governo marcadas para a mesma data.

Inicialmente, o encontro para tratar da eventual saída do governo estava marcado para agosto, porém, foi transferido para novembro. Na época em que a direção confirmou o primeiro adiamento da reunião, Cunha já havia criticado a cúpula peemedebista, afirmando que o PMDB "empurra com a barriga" a decisão sobre romper com PT.

Segundo Raupp, em vez do congresso extraordinário, o partido vai realizar em novembro apenas um seminário promovido pela Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao PMDB. O vice-presidente da legenda justificou o adiamento do encontro a dificuldades logísticas para organizar o evento, que deve reunir até 5 mil peemebedebistas.

“Não vai ter mais o encontro deste ano, apenas um seminário da Fundação Ulysses Guimarães. A informação que tive é que não está fácil organizar o encontro [extraordinário do PMDB], até porque tem de juntar de 4 mil a 5 mil pessoas. Eu já fui presidente do PMDB e, realmente, não é fácil organizar encontro assim, tem de ter dedicação”, alegou Raupp.

“Até preocupado com a questão do quórum, o partido preferiu transformar o encontro de novembro em um seminário da fundação e deixar para março do ano que vem o encontro nacional, no qual nós comemoraremos os 50 anos de fundação do PMDB”, acrescentou o vice-presidente do partido.

Desde o início do ano, a bancada do PMDB na Câmara – que integra oficialmente a base aliada a Dilma – tem votado de forma independente das orientações do Palácio do Planalto, comandando algumas das principais derrotas da presidente da República no Congresso Nacional.

Para tentar evitar que o distanciamento do PMDB com o governo aumentasse, Dilma entregou na última reforma ministerial o comando do Ministério da Saúde – dono de um dos maiores orçamentos da Esplanada dos Ministérios – à bancada peemedebista da Câmara. Além disso, a petista aumentou o espaço do partido no primeiro escalão de seis para sete pastas.

Apesar das pressões de Eduardo Cunha para que o PMDB desembarque no governo Dilma, o vice-presidente da legenda minimizou o movimento interno que defende o rompimento oficial. Para Raupp – que integra a bancada do partido no Senado – as divergências internas não são novidade na sigla governista.

“O PMDB sempre faz isso nos encontros, deixa todo mundo discursar e, naturalmente, alguns explicitam as divergências com o governo. Aliás, sempre teve divergências entre os que apoiam e os que não apoiam o governo, mas isso não é novidade – na convenção do ano passado isso pode ser vito, esta divisão. Portanto, vamos deixar para março do ano que vem o encontro do partido e nele vamos debater os rumos do PMDB”, concluiu.

Decisão 'acertada'
Ao G1, o líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), considerou que a decisão do partido de adiar para março do ano que vem o encontro que trataria da eventual saída do governo foi "acertada". Na visão dele, o ambiente correto para tomar decisões é a convenção nacional.

"Acho que foi uma decisão acertada porque a convenção é que tem poderes de tomar decisões e é onde pode-se fazer um debate com mais efetividade. No congresso [de novembro], os participantes não teriam esta possibilidade, seriam somente discussões, sem decisões", argumentou.

Para o líder do PMDB, o adiamento não pode ser considerado como uma forma de o governo "ganhar tempo" para se aproximar da legenda. Na avaliação dele, desde que a reforma ministerial foi implementada, já há esse tipo de aproximação entre o Planalto e o PMDB.

"Eu acho que o PMDB já vem se aproximando do governo, até porque faz parte do governo na medida em que comanda a Vice-Presidência, tem vários ministérios e compõe a base aliada no Congresso Nacional. É dessa forma que eu vejo hoje a relação do PMDB com o governo", acrescentou.

Seminário da FUG
Após a confirmação de que a decisão sobre permanecer ou não no governo ficou para março, o vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, chamou ao seu gabinete no Palácio do Planalto o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco.

Horas após o encontro, Franco explicou ao G1 que o seminário da fundação já estava sendo organizado para a segunda quinzena de novembro e deverá ocorrer dia 17. O ex-ministro da Aviação Civil enfatizou que, no encontro, os dirigentes do PMDB deverão apresentar suas opiniões sobre os rumos políticos da legenda, propostas para o Brasil sair da crise econômica e também poderão falar sobre se acham que o partido deve permanecer ou não no governo.

"No PMDB, nós trabalhamos com a democracia e algumas pessoas ficam receosas quanto às manifestações de alguns companheiros nossos favoráveis ao afastamento do governo. Mas temos de discutir isso também, não devemos temer isso. Claro, discutir com argumentos. Tanto os que defendem o afastamento quanto os que pregam a preservação da aliança devem justificar e explicar, com argumento sólidos, o que pensam. Nós sempre fizemos isso no PMDB, fazemos isso há 50 anos e isso é absolutamente saudável", declarou.

Ao G1, Moreira Franco avaliou que o fato de a decisão ficar para março não quer dizer que o Planalto "ganhou tempo" para se reaproximar do PMDB. "E nós não queremos ganhar tempo. Nós queremos ter propostas para sair da crise. Nós estamos perdendo o ano. Não está se ganhando tempo, pelo contrário, está se perdendo tempo do ponto de vista das decisões que são indispensáveis para sairmos da crise", completou.
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