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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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Em editorial, Le Monde diz que “Dilma não é mais capaz de governar”

O jornal Le Monde, um dos jornais que mais prestigiou o presidente Lula na França, destaca, na edição que chegou às bancas de Paris na tarde desta sexta-feira (4), o que chama de “a inquietante degringolada do Brasil”. Em um editorial dedicado à crise política no país, o vespertino diz que a presidente Dilma Rousseff, “impopular e isolada, não é mais capaz de governar".


Le Monde começa lembrando que em 2014, o doleiro Alberto Youssef disse, ao ser preso, que "se ele abrisse a boca, o governo cairia". O que, então, parecia uma ameaça vazia transforma-se hoje numa amarga possibilidade, segue o jornal. Depois da prosperidade de dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva, o país oferece agora um espetáculo desolador de delinquência econômica, política e moral. Na véspera, o jornal já tinha dedicado um duro artigo ao ex-presidente.

O escândalo da Petrobras, segundo Le Monde, não para de revelar um sistema de corrupção tentacular. Senadores, deputados e homens de negócios são indiciados ou comprometidos pelas fraudes que lesaram a empresa petroleira nacional. Lula, o ex-herói das classes populares não é poupado, ainda que nenhuma prova contra ele tenha até agora sido apresentada. O mesmo acontecendo com a sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff.

Dos partidos políticos, o PT de Lula e o PMDB, maior aliado do governo, são os que mais perdem credibilidade, segundo o Le Monde. Ainda que, à direita, nenhum dos grandes partidos escape à desconfiança dos eleitores.

Somando-se a crise política à crise financeira, o país perdeu 3,8% do seu Produto Interno Bruto no ano passado com prognósticos desoladores para este ano de 2016. Assim, deduz o Le Monde, a volta da inflação, o desemprego e a desvalorização do Real indicam que as classes populares podem perder tudo que conquistaram nos dois mandatos de Lula.

Sistema político desfigurado

Diante dessa calamidade nacional, o que faz a presidente Dilma Rousseff, pergunta o jornal, para em seguida responder: “nada, a não ser tentar salvar o seu mandato”. Impopular e isolada, Dilma é ameaçada pelo impeachment, e já não tem condições de governar, decreta o Le Monde no seu editorial.

Mesmo que algumas das suas medidas tentem salvar a economia, elas são rejeitadas por um congresso que espera que a presidente caia.

Seus inimigos acreditam que a saída de Dilma abriria novas perspetivas para o país. Mas a verdade está longe disso, diz o Le Monde, por causa de um sistema político desgastado, fragmentado em dezenas de partidos, todos dedicados à defesa do interesse pessoal dos seus membros.

O país entra, assim, numa queda em espiral, que muito lembra a derrocada da Seleção Brasileira na Copa de 2014. E, agora, chega ao fundo do poço com a epidemia do Zika, que tem provocado o nascimento de milhares de bebês deficientes.

O jornal conclui dizendo que, trinta anos após o fim da ditadura militar, a jovem democracia brasileira enfrenta uma dura prova com crise moral, descrédito político e degringolada econômica.
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