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Domingo, 16 de junho de 2024

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Oposição cobra explicação de Dilma e ex-chefe da Receita

A oposição considerou graves as declarações da ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira à Folha de S. Paulo, apontando interferência da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) em investigação do órgão nas empresas da família Sarney, e pretende convocar as duas para depor no Congresso. Já os governistas minimizaram as declarações e colocaram dúvidas sobre a versão de Lina.


Conforme publicou a Folha ontem, Lina diz ter sido chamada para um encontro a sós com Dilma em dezembro do ano passado, em que a ministra pediu que a devassa fosse concluída rapidamente.

A ex-secretária diz ter interpretado o pedido como um recado para encerrar a investigação. Dilma afirma que o encontro nunca ocorreu.

Em minoria na CPI da Petrobras, onde há requerimento de convite para Lina depor, a oposição já pensa em convocá-la e também Dilma para uma das comissões permanentes do Senado sob o seu controle --que poderiam ser Ciência e Tecnologia ou Constituição e Justiça.

A estratégia foi usada com sucesso em 2008 para levar a própria Dilma à Comissão de Infraestrutura, onde ela depôs sobre o caso do dossiê com gastos pessoais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Embora tivesse minoria na comissão, como acontece agora, a oposição aproveitou um cochilo dos governistas e apresentou e aprovou o requerimento a toque de caixa.

A decisão será tomada amanhã, durante sessão da CPI, e vai depender da resistência do governo em votar o convite para o depoimento de Lina.

O requerimento é para que ela fale sobre a manobra contábil que permitiu à Petrobras pagar menos impostos, uma das razões de sua demissão --Lina foi contrária ao artifício usado pela estatal.

Autor do requerimento da CPI, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) considerou graves as declarações da ex-secretária. "Há uma hipótese clara de que, ao pedir para agilizar, a ministra queria encerrar a investigação e evitar o vazamento para a imprensa."

A oposição usará o discurso de que, até ser demitida, Lina era profissional de confiança, ocupou cargo-chave, e por esse motivo suas palavras têm forte credibilidade.

"Se a Lina confirmar essas declarações em público, ficará em xeque o discurso de que este é um governo republicano e de que não há, por exemplo, aparelhamento da Polícia Federal. O assunto tem que ser passado a limpo em alguma CPI ou comissão", afirmou o líder do DEM, José Agripino Maia (RN).

"Suposição"

Do lado do governo, a estratégia é caracterizar o pedido de "agilizar" a investigação como algo natural e sem objetivos ocultos.

"A declaração [de Lina] foi baseada numa suposição. Segundo ela, a ministra estaria desejando algo. Mas, se houve mesmo algum pedido, a declaração da ministra dá margem a muitas interpretações. Pode-se interpretar que ela queria que concluísse logo, que terminasse logo. Nada de errado", disse o ministro das Relações Institucionais, José Múcio.

O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), diz não ter visto "nada de mais" na entrevista. "A ministra pede para acelerar o julgamento [contra Sarney], não para proteger alguém. Se for verdade, o que ela [Lina] diz, foi um pedido absolutamente normal."

Já o líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (RN), disse achar "estranho" o fato de essa revelação vir nesse momento. "Estranho que uma coisa de dezembro do ano passado só venha à tona agora. Acelerar, pelo que eu aprendi na escola, não é encerrar", afirmou.

Procurada novamente ontem, Dilma não quis comentar as declarações de Lina. Ela já havia informado, por meio da assessoria de imprensa, que "jamais pediu qualquer coisa desse tipo à secretária da Receita".
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