Senadores da base aliada governista criticaram nesta quinta-feira a decisão do PT de apoiar o arquivamento das 11 acusações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética da Casa. Petista, o senador Eduardo Suplicy (SP) disse que vai lutar para que o PT "não rasgue suas bandeiras" --resgatando a ética como prioridade em relação a interesses eleitorais.
Apesar das críticas ao partido, Suplicy disse que não está disposto a deixar o PT --ao contrário do senador Flavio Arns (PT-PR), que anunciou sua intenção de sair da legenda. Suplicy comparou a crise vivida dentro do PT com a sua separação da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT).
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"Eu prefiro estar lutando para que o nome do partido ande na direção correta. Eu já experimentei separação, eu sei quão difícil é. Quem aqui nunca enfrentou uma separação?", questionou aos jornalistas.
Ex-petista, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que o PT terá que "ressuscitar" no futuro para resgatar suas principais bandeiras do passado.
"O senador Sarney é ministro do presidente Lula, isso não há a menor dúvida. Agora existem os ministros todos e o ministro do Senado. O PT não é um partido mais. Era um partido que discutia e saia uma posição. O PT hoje é uma porção de pessoas independentes debaixo da sigla, virou um clube eleitoral como outros partidos do Brasil", afirmou.
A crise do partido no Senado foi aberta nesta quarta-feira, depois que os três senadores petistas no Conselho de Ética votaram em favor do arquivamento de todos os processos contra Sarney. Depois da bancada do PT defender o afastamento temporário de Sarney do cargo, o presidente da legenda, Ricardo Berzoini (SP), divulgou nota com a orientação explícita para o apoio a Sarney.
O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), prometeu deixar a liderança depois do episódio no conselho. Mercadante e o senador Delcídio Amaral (PT-MS) trocaram farpas publicamente depois que o parlamentar criticou o líder por não ter substituído os integrantes da legenda no conselho --que não estavam dispostos a votar pró-Sarney.
Defesa
Aliado de Sarney, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) disse que o PT manteve a "coerência" ao apoiar o arquivamento dos processos uma vez que é aliado do PMDB em nível nacional. "Eu não acho que o PT perdeu a ética. Você não pode agradar a todo mundo sendo governo. A melhor representação do partido é o presidente Lula no poder", disse.
Salgado disse que Mercadante é um "homem de confiança" do presidente Lula, por isso deve ouvir a opinião do petista antes de decidir se vai deixar a liderança do partido. Mercadante chegou a anunciar que faria discurso esta tarde para sair do cargo, mas adiou o pronunciamento para antes se reunir com o presidente.
