Em meio a uma disputa interna dentro da Receita Federal, o secretário do órgão, Otacílio Cartaxo, anunciou nesta terça-feira os nomes da sua nova equipe.
Nesta semana, já foram exoneradas 12 pessoas ligadas à ex-secretária Lina Vieira, que deixou o controle do fisco no mês passado e acusou a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) de ter interferido na gestão do órgão.
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Ontem, após a publicação das primeiras demissões, funcionários do fisco colocaram seus cargos à disposição, por meio de uma carta enviada ao secretário da Receita. No documento, eles pedem que seja mantida a autonomia técnica do órgão e que não haja interferências políticas.
Hoje, já foram publicadas no "Diário Oficial" da União as substituições nas superintendências regionais da Receita em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.
Cartaxo negou hoje que haja motivação política nas mudanças. "A Receita Federal é um órgão de Estado altamente profissionalizado, eminentemente técnico e infenso a ingerências política", disse. "Todas as substituições têm caráter técnico. Sempre que há uma mudança no comando, o novo secretário tem autonomia para fazer as substituições necessárias."
Lina e Dilma
Até agora, o Ministério da Fazenda não apresentou uma justificativa oficial para a saída de Lina, que comandou a Receita por menos um ano. Entre as versões para a demissão estão as polêmicas envolvendo a ministra Dilma e a mudança contábil da Petrobras.
Em entrevista à Folha, a ex-secretária afirmou que a ministra pediu a ela que a investigação realizada pelo órgão nas empresas da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), fosse concluída rapidamente.
Entre os servidores afastados da Receita nesta semana está Iraneth Dias Weiler, a chefe de gabinete de Lina, que confirmou detalhes sobre o suposto encontro da ex-secretária com a ministra Dilma.
Petrobras
Outra explicação para a saída de Lina seria a nota divulgada pela Receita sobre uma mudança contábil que permitiu à Petrobras reduzir o recolhimento de impostos.
Antes de ser promovido, Cartaxo ocupava o segundo cargo mais importante na hierarquia da Receita, logo abaixo de Lina. A promoção veio depois do depoimento do atual secretário na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras.
No Congresso, Cartaxo afirmou que mudança realizada pela Petrobras deve ser aprovada pela Receita.