O delegado Protógenes Queiroz confirmou nesta quarta-feira que vai se filiar ao PC do B e que deverá se candidatar a algum cargo por São Paulo nas eleições de 2010, logo após saber que enfrentará mais um processo administrativo dentro da Polícia Federal.

Protógenes --peça central da Operação Satiagraha na PF, deflagrada no ano passado e que tinha como alvo o banqueiro Daniel Dantas-- disse após receber a notificação que, a partir de agora, haverá "uma luta para evitar que seja eleito". Segundo ele, sua atuação contra a corrupção se daria em outra esfera. "Se eu for deputado, senador, terei foro privilegiado. Será mais difícil de me constranger."

O constrangimento, no caso, seria a utilização política de uma série de processos --seis, sendo dois inquéritos e quatro processos administrativos, incluindo o que foi reaberto-- que correm contra Protógenes.

Antes da coletiva de imprensa onde confirmou sua entrada no PC do B, ele recebeu uma notificação de que o processo administrativo em relação à sua conduta na investigação contra o atual deputado e ex-prefeito paulistano Paulo Maluf (PP-SP) foi reaberto.

Maluf e seu filho Flávio Maluf foram indiciados por Protógenes pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha, peculato (desvio ou apropriação de dinheiro público) e sonegação fiscal. Na ocasião, o delegado investigava o envio de dinheiro para contas na Suíça. As remessas, segundo a investigação, foram realizadas na gestão de Maluf na Prefeitura de São Paulo (1993-1996) e também na de Celso Pitta (1997-2000), eleito com apoio de Maluf.

"Estou passando por vários constrangimentos deste tipo", disse, citando casos em que recebeu intimações antes de palestras dadas em Salvador e Santos --este último na sexta-feira passada, quando falaria a estudantes da Universidade Católica de Santos. "A tendência é que isso se intensifique."

Protógenes assinará a carta de filiação ao PC do B no próximo dia 7, em São Paulo. "Seria um ato singelo, mas por uma exigência popular se optou por um simbolismo maior", explicou.

Pesquisas

Questionado sobre qual cargo deverá ser candidato, Protógenes desconversou. Segundo ele, essa decisão dependerá do que as pesquisas dirão e das costuras em torno das candidaturas majoritárias.

"Isso ficará decidido três meses antes da eleição, logo assim a legislação eleitoral permitir, e porque ainda há uma avaliação de um grupo suprapartidário coordenado do PC do B que se forma em torno do ingresso do Protógenes ao PC do B", disse o delegado.

O grupo suprapartidário, no caso, seriam pessoas com quem Protógenes conversou nos últimos meses, enquanto analisava por qual partido pretendia se filiar. E optou pelo PC do B, segundo ele, porque "muitos partidos se preocupam com o seu projeto de poder próprio, e não da nação, como é o caso do PC do B."

Apesar da possível candidatura em São Paulo, o delegado continuará com uma "agenda pesada nacional", em prol das necessidades do partido em nível federal.