O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira ter adiado sua primeira visita a Roraima devido à disputa em torno da reserva indígena Raposa/Serra do Sol.

"Eu gostaria de ter vindo mais vezes a Roraima, mas criou-se um clima político tão acirrado no Estado em relação à questão da Raposa/Serra do Sol que eu decidi esperar a decisão do Supremo. Agora, a questão está decidida. O Estado brasileiro, e não o nosso governo, sempre teve uma dívida com o desenvolvimento e com a população do Estado de Roraima. Nós estamos começando a saldar essa dívida", disse Lula em entrevista ao jornal "Folha de Boa Vista".

O petista ainda destacou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a reserva. "Decisão do Supremo Tribunal Federal se acata e se cumpre. Em relação à demarcação da reserva Raposa/Serra do Sol, é bom lembrar que 10 dos 11 ministros do Supremo votaram pela demarcação contínua, ou seja, foi uma decisão quase unânime. A deliberação foi a favor de todos os pontos que defendíamos."

O presidente também falou sobre as alianças no Estado para 2010 em torno da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Em Roraima, o governador Anchieta Júnior é do PSDB, mas é apoiado pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá, que é do PMDB.

"O governo tem uma base aliada composta por 15 partidos. O ideal para nós é que seja reproduzida nos Estados a mesma aliança que construímos no plano federal, o que facilita a implantação do projeto de país que estamos desenvolvendo. No entanto, o histórico de disputas de partidos políticos em determinados Estados dificulta essa união. Mas também não é o fim do mundo. Os partidos podem concorrer no plano estadual e manter a aliança na esfera federal, como já aconteceu em eleições anteriores."

Lula destacou, no entanto, que ainda é muito cedo para entrar nos detalhes das alianças locais. "O senador Jucá, por exemplo, independentemente do caminho que tome na política local, não tenho dúvida de que estaremos juntos na disputa nacional. No entanto, é preciso considerar que ainda é muito cedo para entrar nos detalhes das alianças locais. Temos, no momento, que concentrar nossas energias em questões mais urgentes, como o pré-sal e o acompanhamento da crise."

Mercosul

O presidente afirmou que não há oposição do Senado à entrada da Venezuela no Mercosul. "O que existe é um processo natural de discussão dos senadores que procuram avaliar os prós e contras da ampliação do Mercosul com o ingresso da Venezuela. A proposta já foi analisada e aprovada pela Câmara de Deputados. Estou seguro de que o Senado também aprovará."

Segundo Lula, durante muito tempo, acreditou-se que o Mercosul era um projeto que beneficiaria apenas os Estados do Sul do Brasil. "Isso, porém é um equívoco. A região Norte, e sobretudo Roraima, têm bastante a ganhar, e o Senado está consciente disso. O Executivo tem participado ativamente das discussões na Comissão de Relações Exteriores do Senado."