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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Deputado diz que soube da existência do mensalão antes do caso vir à tona

O deputado federal Alex Canziani (PTB-PR) afirmou nesta quinta-feira (29), em depoimento à Justiça, que o presidente do partido, Roberto Jefferson, comentou em uma reunião de bancada do PTB, antes de o escândalo do mensalão vir à tona, que teria alertado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a existência do esquema.


“Houve uma reunião da bancada. Antes já se falava isso no Congresso, de que algumas bancadas recebiam dinheiro em troca da aprovação de projetos. Ele [Roberto Jefferson] chegou a comentar que existia rumores e que avisou ao presidente [Lula] da existência do fato e que não iria aceitar”, disse o deputado paranaense.

Canziani prestou depoimento nesta manhã, à juíza Pollyana Kelly Martins Alves, da 12ª Vara Federal do Distrito Federal, na condição de testemunha de defesa do ex-1o secretário do PTB Emerson Palmieri, um dos réus na ação penal do mensalão, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Ele [Roberto Jefferson] comentou que teria falado com o presidente Lula sobre essa questão, que estaria havendo no Congresso a troca de votos por pagamento”, confirmou o deputado ao G1 após deixar a sala de depoimento.

Ainda durante o depoimento, Alex Canziani destacou que tudo o que soube sobre o mensação, depois que o caso foi denunciado em 2005, foi por meio da imprensa e por discussões sobre o assunto no PTB, partido responsável por denunciar o caso, através do então deputado Roberto Jefferson, que desde aquela época ocupa à presidência da legenda.

Canziani, no entanto, assegurou que nenhum parlamentar do PTB se envolveu com o mensalão. “Posso assegurar que isso jamais ocorreu no partido”, afirmou.

Palmieri

O deputado disse ainda que conhece Emerson Palmieri, réu que o arrolou como testemunha do caso “há muitos anos”, do tempo em que ambos militavam no Paraná. “Ele era responsável pela execução política do partido. É uma pessoa muito competente e responsável. Cabia a ele fazer alianças do partido e isso ele fazia muito bem”, elogiou.

Questionado se o então 1o secretário do PTB tinha alguma participação financeira no partido, Canziani negou. “Em relação a recursos [financeiros] não se falava com ele. Se falava com o tesoureiro ou com o presidente [Roberto Jefferson]", disse. Acusado de ter sido o tesoureiro informal do PTB, Palmieri responde ao processo do mensalão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Outros três deputados também prestaram depoimento na manhã desta quinta: José Santana de Vasconcellos (PR-MG), na condição de testemunha de defesa do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP); Paes Landim (PTB-PI), como testemunha de José Genoino (PT-SP); e o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), arrolado como testemunha por Emerson Palmieri.

Jovair Arantes também negou que Palmieri tivesse envolvimento com questões financeiras do PTB. “Não que eu me lembre. As questões financeiras sempre foram tratadas com o tesoureiro”, afirmou. “Ele era um bom militante do partido. Organizador do partido, andava pelos estados. Era um articulista de alianças”, completou.

O líder do PTB também confirmou que soube de uma reunião que teria ocorrido em 2003 entre lideranças do PTB e PT para se discurir uma parceria entre os partidos, na qual os petistas teriam se comprometido a ajudar o PTB com recursos para a eleição municipal do ano seguinte. “Depois, tivemos a notícia de que o presidente [Roberto Jefferson] buscava recursos para o partido através de uma aliança com o PT [para a eleição municipal].

Alex Canziani disse ter sido informado da reunião por Palmieri. O encontro foi confirmado na última segunda-feira (26) pelo ex-líder do PTB, José Múcio, hoje ministro do Tribunal de Contas da União, que, em depoimento, disse ter se tratado de uma parceria entre as legendas. Múcio negou que, na ocasião, tenha sido oferecido mensalão ao PTB.

Marcos Valério

Todos os demais reús ouvidos nesta quinta disseram que conheceram o mensalão apenas pela imprensa. Os quatro depoentes também afirmaram não conhecer o empresário Marcos Valério, apontado como o operador do esquema no qual parlamentares supostamente recebiam dinheiro em troca de apoio a projetos do governo no Congresso.

José Santana de Vasconcellos ponderou apenas que, às vezes, via Marcos Valério no aeroporto de Belo Horizonte às terças-feiras e, também, algumas vezes, no aeroporto de Brasília. “Eu o via, mas não sabia quem era. Só soube que se tratava de Marcos Valério quando suas fotos saíram nos jornais”, explicou.

Genoino

O depoimento do deputado Paes Landim foi voltado basicamente para responder perguntas sobre José Genoino, que era presidente do PT na época em que o mensalão veio à tona. Landim defendeu o petista e disse acreditar que ele não tenha qualquer envolvimento com o caso. “Não tenho a menor dúvida disso [de que Genoino é uma pessoa transparente, de caráter]”.
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